Estou publicando este texto de Antonio Luceni como forma de agradecimento ao seu empenho para que a 7a. Jornada de Literatura fosse bem sucedida. Ele foi o escritor que mais visitou escolas. Esse trabalho do "Toninho" vem de outras jornadas.
Antonio Luceni*
Na terça-feira da semana passada (14), a Academia Araçatubense de Letras – AAL, por meio, principalmente, do Grupo Experimental, apresentou o terceiro sarau lítero-musical em noite prestigiada e com o teatro municipal Castro Alves quase cheinho.
Nesta edição, o poeta homenageado foi Manoel de Barros; esse gênio pantaneiro, vizinho tão próximo de nós, recolhendo-se nos últimos anos de vida junto aos limbos das pedras de riacho e às rãs do Mato Grosso do Sul.
Todos estavam de branco, talvez porque o tal Manoel era de Barros, mas, e ao mesmo tempo, tão claro, tão objetivo, tão puro, feito menino pelado a mergulhar em cacimbas d’água no meio da mata virgem. Traziam também um adereço ora usado para seduzir o espectador para suas cores ou movimentos ora para sugerir certa vestimenta rudimentar própria do homem caipira.
A cada sarau esse grupo de poetas-escritores-atores está mais craque; seus membros estão ficando mais à vontade no palco; estão interagindo melhor com o público; parece que não mais veem as pessoas; estão conectados à poesia, que é para isso que quem se mete a mexer com poesia precisa fazer.
O grande mentor e maestro disso tudo é o mestre-doutor Tito Damazo. Ele próprio, poeta dos bons, bem sabe selecionar os poemas e oferecê-los a cada um dos integrantes do grupo-sarau-experimental; e as línguas de cada um deles roçam as línguas dos poemas; verdadeiro ósculo santo.
Tem também o Carlos Paupitz, o desenhador dos gestos no tempo e no espaço do teatro. É com as loucuras, puxões de orelha e bom gosto do Paupitz que o grupo ganha expressão e a tal da naturalidade citada acima.
E há o André Luís Ferreira
E para quê tudo isso é feito? Ora, a resposta é simples: pelo mesmo motivo que o sol nasce, que as flores mais lindas e exóticas desabrocham em um canto qualquer do mundo sem mesmo ter uma testemunha para observá-la nesse movimento, que aves e outros bichos dão à luz a suas crias e faz a vida perpetuar...
Quem faz arte, meu amigo, não a faz por outro motivo se não pelo fato de que, primeiro, arte faz bem para quem a produz ou quem se exercita dela. Faz com que cada célula e átomo do nosso corpo vibrem e, nessa vibração produzida, surja um efeito cascata e, assim, nos sintamos mais vivos, mais nós mesmos a cada dia.
Que venham outros saraus; que não somente Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos e Manoel de Barros sejam os homenageados pela Academia Araçatubense de Letras, mas muitos outros poetas; esses seres iluminados, tão cheios de vida, que nos fazem tão bem; que nos fazem tão vivos.
*Antonio Luceni é professor, jornalista e escritor. Membro da cadeira número 15
Um comentário:
Para 2016 o poeta escolhido será....surpresa
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