AGENDA CULTURAL

22.9.15

Final de uma Jornada Literária

Grupo da Academia Araçatubense de Letras que apresentou poemas de Manoel de Barros em sarau na abertura da 7a. Jornada de Literatura de Araçatuba
Publico neste blog a crônica do professor e escritor Pedro César Alves como forma de agradecimento pelo que fez pela 7a. Jornada de Literatura 2015 - Araçatuba - na divulgação do evento. 

Pedro César Alves*

Depois de um mês de observação e os últimos quinze dias com maior intensidade, a 7ª Jornada de Literatura encerrou suas atividades – mas deixou sementinhas plantadas na área que estava destinada – e a este escriba só restou procurar novos ares, novos assuntos para os próximos textos.

Antes de encerrar este assunto, esta atividade que estive destinado a cobrir, vale ressaltar que o tema "De leitor a navegador" é muito abrangente, logo, de se pensar muito – principalmente sobre os tais direitos autorais a que o autor tem direito. E tem direito e muitas vezes não é respeitado. Penso que, uma vez o texto on-line (sempre on-line), este está disponível a todos que acessam a rede. Então, como controlar?
Prefeito Cido Séro (PT) durante a abertura da 7a. Jornada de Literatura

Por outro lado há pontos positivos – principalmente para aqueles que não visam lucros (ou que não pensam em sobreviver da escrita). Entre os pontos positivos cito apenas um: divulgação do trabalho feito (o nome circulando na mídia). E, com um pouquinho mais de sorte, alguma editora poderá interessar pelo trabalho e contratar os serviços de escrita – direitos autorais efetivamente garantidos.

Voltando à última semana, vale ressaltar a participação do público nas atividades, nas oficinas, nas palestras. A presença de grandes nomes das letras deu um glamour diferenciado ao espetáculo literário – e prometeram, assim que possível, voltar. Encerrada a última noite (ontem), se reuniram numa salinha ao lado da Sala das Letras, a portas fechadas durante longos quinze minutos aproximadamente.
O escritor Ferrez proferindo palestra ao grande público que lotou o teatro municipal Paulo Alcides Jorge, ao lado da biblioteca municipal Rubens do Amaral. Na primeira fila, Hélio Consolaro (chapéu), secretário municipal de Cultura de Araçatuba, prefeito Cido Sério e o escritor José Carlos Aragão. PROJETO VIAGEM LITERÁRIA na 7a. Jornada de Literatura

Todos que estavam fora – na Sala das Letras – ficaram curiosos, inclusive eu. E a pergunta era a mesma em todas as bocas: o que estariam os chefes das letras conversando? Fiquei meio esperto, assuntando, tentando adivinhar. Lá dentro reunidos estavam Machado, Rosa, Bandeira, Amado, Damazo e o Consa.
E nós comentávamos:

- Será que estão marcando a próxima Jornada de Literatura?

Outros, de forma um tanto maldosa, diziam:

- Estão marcando o próximo encontro, mas no além...

A porta de abriu e todos os olhares se voltaram para a salinha. Apressei-me, mas já era tarde. E, para nosso desapego, para nossa desilusão, apenas Damazo e Consa saíram sorrindo da salinha – os outros...

Os outros... Talvez os encontre no além, se tivermos merecimento, caro leitor. E, se não os encontrarmos – pelo menos eu, escreverei cartas pra Machado e ele terá que dizer a real história de Bentinho e Capitu, de Escobar e Sacha – e, afinal, quem era o pai de Ezequiel? Dúvida – cruel dúvida, eterna dúvida: tema do romance Dom Casmurro (de Machado de Assis).

Então, leitor, a realidade é dura! Sair dos sonhos e retomar as batidas do dia a dia não é nada fácil, mas é preciso. Vale lembrar: "Vale a pena? Tudo vale a pensa / Se a alma não é pequena" – versos extraídos do poema Mar Português, do grande escritor Fernando Pessoa.

E, fugindo um pouco dos sonhos, retornando à realidade, esta semana baixei um aplicativo no celular chamado Leitor – e nele encontrei os dois números publicados da Revista Trimestral Orpheu – com linguagem original, que marca o início do Modernismo em Portugal, de 1915. 

E, pensando ainda em Literatura – e vou citá-la na próxima semana – por esses últimos dias recebi uma carta muito interessante falando dos períodos literários brasileiros – classifico-a de supimpa. Esta classificação a fiz por se tratar do que realmente gosto. Esta aborda os períodos literários brasileiros sem os citá-los. Simplesmente formidável! 
Professora e escritora Ana Lúcia Arruda Ramos Rezende durante o lançamento de seu livro de literatura infantil "Você é meu amigo?" na Livraria Nobel de Araçatuba - rua Cussy de Almeida, 1071
Então, fechando estas linhas, o leitor já tem em mente o que vou abordar na próxima semana: a literatura brasileira contada através de uma carta... 

*Pedro César Alves, professor, escritor, com site na internet: "Araçatuba e Região". Membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras. 

Publicado em 19/09/2015 - O LIBERAL REGIONAL

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