AGENDA CULTURAL

20.12.15

Faleceu acadêmico da Academia Araçatubense de Letras

Advogado e escritor Jonair Nogueira Martins
Imortaliza-se nos livros
Hélio Consolaro*

Faleceu em 19/12/2015 o acadêmico Jonair Nogueira Martins. Na posse dele  à cadeira 16 da Academia Araçatubense de Letras, em 28/11/2003, como padrinho, fiz a seguinte apresentação dele aos presentes, cujos trechos reproduzo abaixo:

“Nem seria necessário esse discurso de apresentação, porque o Dr. Jonair Nogueira Martins é um jurisconsulto, com sete livros publicados. Dentre nós, escritores de Araçatuba, é o mais conhecido nacionalmente.

Dr. Jonair é um araçatubense de nascimento, morando em Araçatuba, tendo todo esse cabedal, seria injustiça se ficasse fora da Academia Araçatubense de Letras, que é a casa do escritor de Araçatuba e região.

Sem conhecê-lo pessoalmente, só lendo seus artigos na Folha da Região, sabendo que ele se dedica ao direito bancário, incentivei a sua inscrição por e-mail para concorrer à cadeira 16, que estava vaga devido ao falecimento do confrade Maurício do Valle Aguiar, cujo patrono é Érico Veríssimo.
[...]
Conheci-o pessoalmente no dia de sua apresentação aos acadêmicos, li a sua biografia e convivi com ele aos sábados à noite no Barzinho da Academia nestes últimos dois meses. Isso só ampliou a minha admiração por ele.
[...]
Tenho certeza, caros acadêmicos, de que ele honrará o respeito e o moral que a Academia Araçatubense de Letras tem na sociedade, que é o seu maior capital e a grandeza de sua sede. Jonair já era um imortal pelos livros já publicados; hoje, está apenas sendo batizado. Tenho a certeza de que, com ele, a nossa entidade crescerá ainda mais.”

Na minha gestão de presidente da Academia, por dois mandatos (04 anos), primeiro Dr. Maurício do Valle Aguiar e depois Dr. Jonair Nogueira Martins foram os acadêmicos que mais colaboraram comigo, inclusive financeiramente, na reforma da sede da AAL e na publicação de revistas. Quem põem dinheiro acredita e eles puseram dinheiro, além daquilo que era obrigatório, para que a entidade estivesse à altura de Araçatuba.

Jonair nos deixou, mas é imortal, porque estará presente em nossas lembranças e principalmente nos livros que escreveu.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP



Faleceu hoje, 20/12/2015, o acadêmico Jonair Nogueira Martins, advogado, ocupante da cadeira 16 da Academia Araçatubense de Letras, cuja vacância se deu pelo falecimento de outro advogado (romancista e contista), Maurício do Valle Aguiar. O patrono da cadeira é Érico Veríssimo, Jonair fora indicado por Hélio Consolaro (atual secretário municipal de Cultura de Araçatuba), então presidente da AAL. 

O corpo foi velado na 28.a. subsecção da OAB de Araçatuba, com se próxima ao Supermercado Pão de Açúcar e ao Fórum local.  

BIOGRAFIA

Natural de Araçatuba, nascido aos 14/04/1952, viveu a infância em Piacatu até os 14 anos, quando retornou para Araçatuba com o sonho de estudar e trabalhar.

O seu primeiro trabalho foi de office-boy na empresa S/A White Martins. Aos 16 anos, teve premiada uma sugestão interna – PMO-  Programa de Melhoria das Operações -, implantado em todas as filiais brasileiras.

Como contabilista, implantou  o primeiro escritório de contabilidade rural por processamento eletrônico, na década de 1970, para atendimento de clientes de qualquer ponto do País.

Depois, com a instalação da Faculdade de Direito de Araçatuba, iniciou o curso tendo concluído em 1978, (VII, Turma).

Advogando passou a notar que o patrimônio das pessoas de repente mudava para as mãos dos banqueiros. Isso o motivou a aprofundar os estudos e sonhar com a defesa dos devedores bancários.

Iniciou e concluiu seus estudos de direito bancário isoladamente, pois não existiam livros, não existia como não existe ainda hoje a disciplina nas faculdades, não existiam cursos e a doutrina brasileira acompanhava o liberalismo econômico da revolução francesa, não importava se o forte  abusava do fraco. Com base, nisso os juízes e tribunais davam ganhos de causa aos bancos.

A primeira vitória obrigou o cumprimento do contrato e beneficiou várias empresas vítimas do plano cruzado e do pantagruélico apetite financeiro dos bancos.

O direito bancário começou a tomar corpo e aparecer como disciplina da ciência jurídica. Por alguns advogados foi rotulado de dom-quixote, por considerarem que - vencer o sistema financeiro nacional em juízo – era um sonho impossível.

Com a intenção de democratizar e disseminar o direito bancário publicou seu primeiro trabalho: Contra o Abuso dos Bancos. Uma ação especial.  Apesar da simplicidade da edição, foi o primeiro livro de prática forense de direito bancário publicado no Brasil. Na mesma linha e pioneiros,  os seguintes:

Crédito Rural – Defesa em Juízo -  Obra para a defesa dos produtores rurais vítimas do Plano Real.

Leasing – Prática Forense -  Obra que ensinou a defesa em juízo dos compradores de veículos com correção monetária vinculada ao dólar, após a derrocada  da  economia brasileira em janeiro de 1999.

Outros livros vieram, atravessaram as fronteiras brasileiras. É o mentor intelectual do primeiro banco de peças da Internet brasileira e autor da primeira petição nela disponível,  sucesso entre os advogados que navegam pela teia mundial.

Trabalho que inspirou mais de dez livros sobre o assunto, até então, conhecido por poucos. Hoje corriqueiro nos fóruns do Brasil. 

Um comentário:

Emilia Goulart disse...

Lamento a partida do amigo Jonair, como acadêmico foi muito curta a nossa convivência, mas como membro do Grupo Experimental contei com a ajuda do colega na noite do lançamento do meu primeiro livro. Uma noite em que pensei desistir do meu sonho Jonair foi o amigo que com sua experiência resolveu de imediato um pequeno problema que para mim não tinha solução.
Obrigada amigo, descanse em paz.
Emília Goulart