Advogado e escritor Jonair Nogueira Martins |
Imortaliza-se nos livros
Hélio Consolaro*
Faleceu em 19/12/2015 o acadêmico Jonair
Nogueira Martins. Na posse dele à
cadeira 16 da Academia Araçatubense de Letras, em 28/11/2003, como padrinho,
fiz a seguinte apresentação dele aos presentes, cujos trechos reproduzo abaixo:
“Nem seria necessário esse discurso de apresentação, porque
o Dr. Jonair Nogueira Martins é um jurisconsulto, com sete livros publicados.
Dentre nós, escritores de Araçatuba, é o mais conhecido nacionalmente.
Dr. Jonair é um araçatubense de nascimento, morando em
Araçatuba, tendo todo esse cabedal, seria injustiça se ficasse fora da Academia
Araçatubense de Letras, que é a casa do escritor de Araçatuba e região.
Sem conhecê-lo pessoalmente, só lendo seus artigos na Folha
da Região, sabendo que ele se dedica ao direito bancário, incentivei a sua
inscrição por e-mail para concorrer à cadeira 16, que estava vaga devido ao
falecimento do confrade Maurício do Valle Aguiar, cujo patrono é Érico
Veríssimo.
[...]
Conheci-o pessoalmente no dia de sua apresentação aos
acadêmicos, li a sua biografia e convivi com ele aos sábados à noite no
Barzinho da Academia nestes últimos dois meses. Isso só ampliou a minha
admiração por ele.
[...]
Tenho certeza, caros acadêmicos, de que ele honrará o
respeito e o moral que a Academia Araçatubense de Letras tem na sociedade, que
é o seu maior capital e a grandeza de sua sede. Jonair já era um imortal pelos
livros já publicados; hoje, está apenas sendo batizado. Tenho a certeza de que,
com ele, a nossa entidade crescerá ainda mais.”
Na minha gestão de presidente da Academia, por dois mandatos
(04 anos), primeiro Dr. Maurício do Valle Aguiar e depois Dr. Jonair Nogueira
Martins foram os acadêmicos que mais colaboraram comigo, inclusive
financeiramente, na reforma da sede da AAL e na publicação de revistas. Quem
põem dinheiro acredita e eles puseram dinheiro, além daquilo que era
obrigatório, para que a entidade estivesse à altura de Araçatuba.
Jonair nos deixou, mas é imortal, porque estará presente em
nossas lembranças e principalmente nos livros que escreveu.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Faleceu hoje, 20/12/2015, o acadêmico Jonair Nogueira Martins, advogado, ocupante da cadeira 16 da Academia Araçatubense de Letras, cuja vacância se deu pelo falecimento de outro advogado (romancista e contista), Maurício do Valle Aguiar. O patrono da cadeira é Érico Veríssimo, Jonair fora indicado por Hélio Consolaro (atual secretário municipal de Cultura de Araçatuba), então presidente da AAL.
O corpo foi velado na 28.a. subsecção da OAB de Araçatuba, com se próxima ao Supermercado Pão de Açúcar e ao Fórum local.
BIOGRAFIA
Natural de
Araçatuba, nascido aos 14/04/1952, viveu a infância em Piacatu até os 14 anos,
quando retornou para Araçatuba com o sonho de estudar e trabalhar.
O seu
primeiro trabalho foi de office-boy na empresa S/A White Martins. Aos 16 anos,
teve premiada uma sugestão interna – PMO- Programa de Melhoria das Operações -,
implantado em todas as filiais brasileiras.
Como
contabilista, implantou o primeiro
escritório de contabilidade rural por processamento eletrônico, na década de
1970, para atendimento de clientes de qualquer ponto do País.
Depois, com a
instalação da Faculdade de Direito de Araçatuba, iniciou o curso tendo
concluído em 1978, (VII, Turma).
Advogando
passou a notar que o patrimônio das pessoas de repente mudava para as mãos dos
banqueiros. Isso o motivou a aprofundar os estudos e sonhar com a defesa dos
devedores bancários.
Iniciou e
concluiu seus estudos de direito bancário isoladamente, pois não existiam
livros, não existia como não existe ainda hoje a disciplina nas faculdades, não
existiam cursos e a doutrina brasileira acompanhava o liberalismo econômico da
revolução francesa, não importava se o forte
abusava do fraco. Com base,
nisso os juízes e tribunais davam ganhos de causa aos bancos.
A primeira
vitória obrigou o cumprimento do contrato e beneficiou várias empresas vítimas
do plano cruzado e do pantagruélico apetite financeiro dos bancos.
O direito
bancário começou a tomar corpo e aparecer como disciplina da ciência jurídica.
Por alguns advogados foi rotulado de dom-quixote, por considerarem que - vencer o sistema financeiro nacional em
juízo – era um sonho impossível.
Com a
intenção de democratizar e disseminar o direito bancário publicou seu primeiro
trabalho: Contra o Abuso dos Bancos. Uma
ação especial. Apesar da
simplicidade da edição, foi o primeiro livro de prática forense de direito
bancário publicado no Brasil. Na mesma linha e pioneiros, os seguintes:
Crédito Rural – Defesa em Juízo - Obra para a defesa dos produtores rurais
vítimas do Plano Real.
Leasing – Prática Forense - Obra que ensinou a defesa em juízo dos
compradores de veículos com correção monetária vinculada ao dólar, após a
derrocada da economia brasileira em janeiro de 1999.
Outros livros
vieram, atravessaram as fronteiras brasileiras. É o mentor intelectual do
primeiro banco de peças da Internet brasileira e autor da primeira petição nela
disponível, sucesso entre os advogados
que navegam pela teia mundial.
Trabalho que
inspirou mais de dez livros sobre o assunto, até então, conhecido por poucos.
Hoje corriqueiro nos fóruns do Brasil.
Um comentário:
Lamento a partida do amigo Jonair, como acadêmico foi muito curta a nossa convivência, mas como membro do Grupo Experimental contei com a ajuda do colega na noite do lançamento do meu primeiro livro. Uma noite em que pensei desistir do meu sonho Jonair foi o amigo que com sua experiência resolveu de imediato um pequeno problema que para mim não tinha solução.
Obrigada amigo, descanse em paz.
Emília Goulart
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