LAURA LEITE
Revista "+saúde & bem-estar" - Rede FarMais
Em todo o mundo, ao menos 44
milhões de pessoas vivem com Alzeheimer, tornando a doença uma crise global de
saúde que deve ser resolvida. Essa moléstia muda a vida da pessoa que porta o
problema, de seus familiares e amigos. O Alzheimer destrói as funções do
cérebro e não tem cura. É a principal causa de demência entre os idosos no
mundo. A origem da doença ainda é desconhecida, mas acredita-se que em 10% dos
casos ela é passada de pais para filhos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
estima que o Brasil tenha 1,2 milhões de pessoas com a doença. Aos poucos, o
paciente vai perdendo a memória e a noção de tempo e espaço. No estágio mais
avançado, perde a capacidade de andar e se alimentar.
Para desvendar
os mitos e as verdades sobre essa doença, André Felício, Coordenador do Curso
de Pós-Graduação em Neurologia da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas de São
Paulo, responde algumas dúvidas de nossos leitores.
-O Mal de Alzheimer
seria uma atrofia ou perda dos neurônios?
AF: As duas
coisas. É uma doença neurodegenerativa que leva à morte de neurônios e, como
conseqüência, atrofia cerebral.
-Por que é
considerado demência?
AF: Cognição é um
conjunto de funções cerebrais superiores como memória e linguagem. Demência é
um comprometimento significativo da cognição.
-Como é
diagnosticado? Quais são os exames e testes? O teste neuropsicológico é o mais
eficaz? Ele que dura 5 horas?
AF: O diagnóstico
é clínico com o apoio de investigações adicionais como: ressonância magnética
do cérebro, exames de sangue, avaliação neuropsicológica, PET cerebral e
líquor.
A avaliação neuropsicológica é feita por psicólogo treinado
e tem o objetivo de avaliar todas as funções cognitivas.
-A certeza do
diagnóstico, no entanto, é feita apenas com a biópsia, quando a pessoa já
morreu, é isso mesmo?
AF: Sim, o diagnóstico
em vida é apenas uma probabilidade: muito provável e improvável.
-Qual a estimativa de
pessoas com Alzheimer no Brasil? Este número tem aumentado?
AF: Cerca de
1.250.000 brasileiros. É a principal doença neurodegenerativa no Brasil e no
mundo. Como a população brasileira está envelhecendo, o número de casos é cada
vez maior.
-O perfil é de
pessoas com mais de 60 anos?
AF: A doença está
intimamente relacionada ao envelhecimento, portanto ocorre principalmente em
idosos.
-Quem tem atividade
intelectual intensa tem mais chances de ter Alzheimer? É como que se os
neurônios se cansassem de trabalhar tanto, é isso?
AF: Justamente ao
contrário. Quem tem atividade intelectual intensa cria o que chamamos de
reserva cognitiva e tem muito mais proteção pela doença.
-É uma doença
hereditária?
AF: Não. É
esporádica.
-O tratamento no
início da doença é realmente mais efetivo? Por quê?
AF: Porque ainda
existe reserva cognitiva.
-A pessoa vai
perdendo a memória recente ou a antiga primeiro? Quais são as fases da doença?
AF: Primeiro
perde a memória recente e somente no final a memória identifica os fatos
antigos. Assim, incapacita a lembrar o que se comeu no mesmo dia, mas relata
com detalhes um episódio da infância.
-E os remédios, eles
evitam a evolução da doença, ajudam a estabilizá-la ou regride? E a eficácia
deles é a mesma conforme o passar do tempo ou perdem o poder?
AF: Ajudam a
controlar os sintomas. Não param e nem regridem a doença e, com o passar do
tempo, funcionam menos.
-Até que ponto a
família consegue cuidar ou precisa de cuidadores? O ideal é a pessoa ficar na
casa onde viveu ou se mudar para um lugar onde tenha cuidados mais
especializados?
AF: Todas as
situações são possíveis. Tudo depende das incapacidades do paciente e recursos
financeiros.
-Qual a importância
da presença da família?
AF: Suporte ao
paciente.
-Qual a rotina de um
paciente com Alzheimer? A estimulação cognitiva, social e física realmente
retarda o processo?
AF: Esta
estimulação é fundamental e deve ser seguida pelos familiares.
- Que dicas podemos
dar à família para lidar com esta novidade, a mudança de papel de cada um, a
perda de autonomia do paciente, a autoestima e frustração dele ao se esquecer
de fatos e pessoas?
AF: - Procurar
grupos de apoio a pacientes com o mesmo problema;
·
Procurar psicoterapias;
·
Procurar um médico. O cuidador, muitas vezes,
precisa utilizar alguma medicação;
·
Entender sobre a doença e as ações negativas do
paciente, que são involuntárias;
·
Estabelecer uma rotina em casa.
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