AGENDA CULTURAL

21.2.16

Mutirão da dengue, uma lição

Concentração no Corpo de Bombeiros - Juçara
Hélio Consolaro*

Participei ativamente do mutirão educacional de combate ao mosquito-da-dengue (Aedes aegypti) que agora dissemina também chicungunha e o vírus da zica. Havia muita alegria nos olhos dos participantes em participar de ação tão importante.

Prefeitura de Araçatuba, pensando na saúde da população, está organizando a visita de voluntários em todas as casas, passando instruções, sob a coordenação Defesa da Defesa Civil e da Secretaria Municipal de Saúde. Participa também a Polícia Militar do Estado de São Paulo, Guarda Municipal e soldados do Exército Brasileiro.

No próximo sábado será na Zona Leste, com concentração marcada na Emeb Ana Barros, na rua dos Fundadores. 

Na Zona Sul, com concentração na nova sede do Corpo de Bombeiros, defronte à EE Maria do Carmo Lélis, bairro Juçara, tive condições de participar da equipe 12 que lota um micro-ônibus.

Há 21 equipes, mas podemos formar mais, depende de você comparecer. Quando a pessoa participa pela primeira vez, ela fará par com um outra que já tem prática. Assim, auxiliei Júlio César. Um funcionário da Saúde Municipal muito educado e consciente da responsabilidade de seu trabalho.

Visitamos 31 casas de um quadra. Fomos bem recebidos em todas as casas, apenas em duas, os moradores não estavam presentes. Segundo o Júlio César, nos bairros de mansões, a receptividade não é tranquila, a arrogância é grande e a “falta de educação” também. A sujeira do quintal começa na alma.

Durante a visita, percebi que cada casa é uma casa e que a individualidade de cada um se apresenta também no quintal.  Casas simples e bem limpinhas, outras, imundas; quintais bem cuidados, outros, um monturo de lixo. É possível traçar o perfil psicológico dos moradores conhecendo suas casas por dentro.
Dona de casa, Júlio César (de costas e Hélio Consolaro

Não é nada agradável receber alguém para fiscalizar a sua casa, como também o visitador não se sente confortável com seu papel, mas a realidade exige renúncias de cada lado. A nossa sobrevivência depende do compromisso de cada um com o coletivo.

Vendo casas simples durante as visitas, carentes de móveis e de outros equipamentos, me lembrei do auxílio moradia recebido por magistrados em Brasília, em torno de R$ 5 mil mensais, embora já ganhem polpudos salários. Também considerei minha simples casa como um palácio.

Sair de seu mundo, visitar outros mundos sem mudar de planeta ou de cidade faz muito bem à nossa saúde mental. Não ande nas mesmas ruas, nem só trepado em carros, conheça outras realidades, isso nos faz mais amorosos e mais solidários.     

No final do trabalho, no reencontro da equipe, paramos num bar do quarteirão que visitamos e paguei a Coca-Cola do Júlio César, meu parceiro durante as visitas, que ele havia pedido no balcão. Júlio não queria deixar que eu lhe desse o presente. Respondi-lhe:

–Aprendi muito com você hoje. Esse refrigerante é sinal de meu agradecimento.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba-SP

Um comentário:

Anônimo disse...

Lembra-se quando trago ou levo o refri de cola pra turma....e isso que fazemos para confraternizar o termino de um trabalho bem sucedido ou simplesmente pra avsliar o trabalho..
Abraco...

Magrao