O eleitor não pode colocar todos os políticos no mesmo saco, isso faz desanimar os honestos, com comportamentos mais éticos
Mario Vargas Llosa, escritor peruano |
Hélio Consolaro*
A política é algo muito diferente do que pensamos quando estamos
do lado de fora dela. O que acontece quando você enfrenta uma campanha
eleitoral é que, depois disso, se torna muito pragmático ao encará-la. Há uma
diferença viver a política na pele, nas ruas. Hoje sou uma pessoa muito mais
pragmática em relação às minhas ideias e desconfio de abordagens demasiado
intelectuais, demasiado teóricas. (Mario Vargas Llosa)
Bati os olhos sobre esse trecho do escritor peruano, Mario
Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura, e gostei da ideia. Antes, o escritor
fora identificado com o socialismo latino-americano, acabou por adotar posições
liberais. Essa mudança não desqualifica o trecho reproduzido aqui.
Se se participar de uma campanha eleitoral faz mudar a concepção
política do cidadão, ser um agente político, exercendo uma função pública por
eleição ou por delegação do eleito, também provoca mudanças nele.
Eu tenho pequeninas experiências (fui vereador e secretário
municipal), com esse pequeno cabedal posso dizer que apenas ter leis não basta
para evitar a corrupção, tudo depende da formação (outros gostam do termo
caráter) do agente político e da densidade de consciência política de nossa
cidadania.
Sérgio Cabral, 80 anos, o pai do ex-governador Sérgio Cabral
Filho, jornalista e escritor, vereador por três vezes e conselheiro do Tribunal
de Contas do Município do Rio, está providencialmente com Mal de
Alzheimer.
“Quando perguntado sobre o que aconteceu com seu
filho, preso na operação Lava-Jato, ele responde [ironicamente] que o menino
morreu ainda criança.” Essa mania do pai pôr o nome dele no filho nem
sempre provoca um prazer filial. Nesse caso do Rio de Janeiro, o tiro saiu pela
culatra, o desprazer é paternal.
Nunca li nada sobre atitudes que desabonasse Sérgio
Cabral (pai) e acredito que se tivesse com sua capacidade mental estaria
morrendo de vergonha.
As posições ideológicas (direita ou esquerda) não
inocentam ninguém de crime algum, como também há gente boa e ruim em todos os
partidos. O eleitor (e leitor) não pode colocar todos os políticos no mesmo
saco, isso faz desanimar os honestos, com comportamentos mais éticos.
Então, caro leitor, não acho que o Brasil não tem jeito,
porque, como disse Rui Barbosa, a nação somos todos nós. Precisamos seguir o
insinuação do escritor Mario Vargas Llosa: conhecer mais a política, em todos os
seus ângulos.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Araçatuba-SP
2 comentários:
A ainda bem que o pai do Sérgio está em outra dimensão, a dos esquecidos. Senão...
o filho deveria ter seguido o exemplo do pai. entretanto, enveredou para o crime. Manchou a reputação do nome do pai, um grande jornalista.
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