AGENDA CULTURAL

2.7.17

O pai de Sérgio Cabral

 O eleitor não pode colocar todos os políticos no mesmo saco, isso faz desanimar os honestos, com comportamentos mais éticos
Mario Vargas Llosa, escritor peruano
Hélio Consolaro*

A política é algo muito diferente do que pensamos quando estamos do lado de fora dela. O que acontece quando você enfrenta uma campanha eleitoral é que, depois disso, se torna muito pragmático ao encará-la. Há uma diferença viver a política na pele, nas ruas. Hoje sou uma pessoa muito mais pragmática em relação às minhas ideias e desconfio de abordagens demasiado intelectuais, demasiado teóricas. (Mario Vargas Llosa)

Bati os olhos sobre esse trecho do escritor peruano, Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura, e gostei da ideia. Antes, o escritor fora identificado com o socialismo latino-americano, acabou por adotar posições liberais. Essa mudança não desqualifica o trecho reproduzido aqui.

Se se participar de uma campanha eleitoral faz mudar a concepção política do cidadão, ser um agente político, exercendo uma função pública por eleição ou por delegação do eleito, também provoca mudanças nele.

Eu tenho pequeninas experiências (fui vereador e secretário municipal), com esse pequeno cabedal posso dizer que apenas ter leis não basta para evitar a corrupção, tudo depende da formação (outros gostam do termo caráter) do agente político e da densidade de consciência política de nossa cidadania.
 
Sérgio Cabral, o pai
Sérgio Cabral, 80 anos, o pai do ex-governador Sérgio Cabral Filho, jornalista e escritor, vereador por três vezes e conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio, está providencialmente com Mal de Alzheimer.

“Quando perguntado sobre o que aconteceu com seu filho, preso na operação Lava-Jato, ele responde [ironicamente] que o menino morreu ainda criança.” Essa mania do pai pôr o nome dele no filho nem sempre provoca um prazer filial. Nesse caso do Rio de Janeiro, o tiro saiu pela culatra, o desprazer é paternal.

Nunca li nada sobre atitudes que desabonasse Sérgio Cabral (pai) e acredito que se tivesse com sua capacidade mental estaria morrendo de vergonha.

As posições ideológicas (direita ou esquerda) não inocentam ninguém de crime algum, como também há gente boa e ruim em todos os partidos. O eleitor (e leitor) não pode colocar todos os políticos no mesmo saco, isso faz desanimar os honestos, com comportamentos mais éticos.

Então, caro leitor, não acho que o Brasil não tem jeito, porque, como disse Rui Barbosa, a nação somos todos nós. Precisamos seguir o insinuação do escritor Mario Vargas Llosa: conhecer mais a política, em todos os seus ângulos.

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*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

2 comentários:

Gabriel Araújo dos Santos disse...

A ainda bem que o pai do Sérgio está em outra dimensão, a dos esquecidos. Senão...

Direito disse...


o filho deveria ter seguido o exemplo do pai. entretanto, enveredou para o crime. Manchou a reputação do nome do pai, um grande jornalista.