AGENDA CULTURAL

23.12.17

Amigo não tão secreto assim

Sizar e sua enigmática plaquinha

Hélio Consolaro*

A brincadeira “amigo secreto” já virou tradição, tanto nas festas familiares, ao pé da árvore de Natal, como no trabalho, mas nem sempre é um culto à amizade, porque gente chata existe em todos os lugares.

Participei de tantas brincadeiras neste ano, pois estou inserido em vários grupos, por isso promovi um rodízio de presentes, comprei apenas o primeiro.

Eta Consa mão-de-vaca! -  pensará o leitor. Se não agisse assim, o meu bolso ia se esvaziar. Recebo um presente numa festa, passo para um outro amigo secreto de outra festa.

Nada mais esquisito do que receber um presente horrível e fazer pose de agradecimento:

- Que lindo! (Vontade de esganar o infeliz!)

Já ganhei caneta de presente com a seguinte recomendação verbal na hora da entrega:

- Para você escrever suas crônicas...

A colega mal sabe que escrevo diretamente no computador, sem essa de gastar papel e caneta. Ou, então, a moça de 1,80m de altura, pezuda, ganha um sapato de salto alto, n.º 35. Arrrrrrrrr! 

Dar um presentão, um perfume importado, gastar um dinheirão para fazer bonito e receber de outra pessoinha uma bugiganga de loja chinesa, um porta-retrato de plástico. Não há espírito de Poliana que resista!
 
Heitor Gomes jura que o amaciante não foi batizado, é pagão
Quando no grupo fazem listinha do que cada um quer ganhar, obedeço ao gosto do amigo secreto, mas peço as coisas mais esquisitas, como: sabonete, cueca, coisa que vou usar. Nada de presente de loja chinesa.

- Deixe de ser chato, Consa! – observa alguém. Sujeito utilitarista!

Não estou no Japão, onde mais vale a embalagem do que o próprio presente. Aqui no Brasil vale mais o presente, o conteúdo, do que a caixa, o papel, o invólucro. 

Na festinha dos amantes do caraoquê, realizada na casa do Sizar neste 20/12/2017, que também serviu para a despedida de Araçatuba da atriz Ângela Gomes, que está voltando para Petrópolis-RJ. Houve o amigo secreto chamado “ladrão”, que vai trocando os presentes até terminar a brincadeira.  Havia coisas valorosas e bugigangas, como caneta que dá choque, plaquinhas de não sei o quê, etc.

Eu fui vítima de meu utilitarismo. Saí de lá com um galão de cinco litros de amaciante, presente do quiboeiro Heitor Gomes. Ele jura que o líquido é pagão, não foi batizado.

Mal mesmo ficou o Sízar com sua plaquinha. Ele saiu andando, atarantado pelo quintal:

- Você viu meu presente por aí? 

Na verdade, o amigo secreto é mesmo uma brincadeira boa para animar a festa. O encontro de amigos é o que vale. Até os avarentos aparecem nela.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.

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