![]() |
Sizar e sua enigmática plaquinha |
Hélio Consolaro*
A brincadeira “amigo secreto” já virou tradição, tanto nas
festas familiares, ao pé da árvore de Natal, como no trabalho, mas nem sempre é
um culto à amizade, porque gente chata existe em todos os lugares.
Participei de tantas brincadeiras neste ano, pois estou
inserido em vários grupos, por isso promovi um rodízio
de presentes, comprei apenas o primeiro.
Eta Consa mão-de-vaca! -
pensará o leitor. Se não agisse assim, o meu bolso ia se esvaziar.
Recebo um presente numa festa, passo para um outro amigo secreto de outra
festa.
Nada mais esquisito do que receber um presente horrível e
fazer pose de agradecimento:
- Que lindo! (Vontade de esganar o infeliz!)
Já ganhei caneta de presente com a seguinte recomendação
verbal na hora da entrega:
- Para você escrever suas crônicas...
A colega mal sabe que escrevo diretamente no computador, sem
essa de gastar papel e caneta. Ou, então, a moça de 1,80m de altura, pezuda,
ganha um sapato de salto alto, n.º 35. Arrrrrrrrr!
Dar um presentão, um perfume importado, gastar um dinheirão
para fazer bonito e receber de outra pessoinha uma bugiganga de loja chinesa,
um porta-retrato de plástico. Não há espírito de Poliana que resista!
Quando no grupo fazem listinha do que cada um quer ganhar, obedeço ao
gosto do amigo secreto, mas peço as coisas mais esquisitas, como: sabonete,
cueca, coisa que vou usar. Nada de presente de loja chinesa.
- Deixe de ser chato, Consa! – observa alguém. Sujeito
utilitarista!
Não estou no Japão, onde mais vale a embalagem do que o
próprio presente. Aqui no Brasil vale mais o presente, o conteúdo, do que a caixa, o papel, o invólucro.
Na festinha dos amantes do caraoquê, realizada na casa do Sizar neste 20/12/2017, que também serviu para a despedida de Araçatuba da
atriz Ângela Gomes, que está voltando para Petrópolis-RJ. Houve o amigo secreto
chamado “ladrão”, que vai trocando os presentes até terminar a brincadeira. Havia coisas valorosas e bugigangas, como
caneta que dá choque, plaquinhas de não sei o quê, etc.
Eu fui vítima de meu utilitarismo. Saí de lá com um
galão de cinco litros de amaciante, presente do quiboeiro Heitor Gomes. Ele jura que o líquido é pagão, não foi batizado.
Mal
mesmo ficou o Sízar com sua plaquinha. Ele saiu andando, atarantado pelo quintal:
- Você viu meu presente por aí?
Na verdade, o amigo secreto é mesmo uma brincadeira boa para
animar a festa. O encontro de amigos é o que vale. Até os avarentos aparecem nela.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
-->
Nenhum comentário:
Postar um comentário