Fátima Florentino*
Publicado na Folha da Região de 06/06/ 2018
Encontrava-me em um período difícil e triste da minha vida. Não conseguia ficar sozinha. Queria sempre estar na companhia dos meus amigos.
Encontrava-me em um período difícil e triste da minha vida. Não conseguia ficar sozinha. Queria sempre estar na companhia dos meus amigos.
Sentia meu peito apertar de tristeza e saudade dos meus queridos, meu companheiro e minha mãe que haviam partido há pouco tempo. Evitava estar só com meus sentimentos e pensamentos.
Chegava do trabalho e já entrava em contato com os amigos, para programar uma saída, um encontro, em qualquer lugar, não importava onde. Eu queria ir para rua, conversar, ver gente e distrair meus pensamentos. Como uma típica ariana, não queria curtir minha tristeza, precisava e iria lutar contra ela.
Meus amigos, como irmãos, com toda a paciência e carinho, faziam-me companhia e não me deixavam sozinha. Numa dessas noites e andanças pelos bares da vida, uma amiga convidou outro amigo para juntar-se à nossa roda.
Fomos apresentados. A nossa empatia foi imediata. Gostávamos de música, literatura, poesia, dança... Conversávamos muito, trocávamos ideias, opiniões, olhares.
Aaahhh esses olhares... Pareciam dizer alguma coisa, mas acho que nem nós mesmos saberíamos o que. Ou já sabíamos?
Aaahhh esses olhares... Pareciam dizer alguma coisa, mas acho que nem nós mesmos saberíamos o que. Ou já sabíamos?
Ele se integrou ao nosso grupo, saíamos sempre em turma e entre nós foi despertando um interesse maior. Sentimento florescendo e os amigos percebendo. Primeiramente fiquei com medo e preocupada, porque tudo que eu não estava procurando ou querendo naqueles dias, era me envolver com alguém. Não estava nos meus planos.
As dores pelas perdas das pessoas que amava, ainda as amo, era latente em mim e acreditava que seria quase impossível conhecer uma pessoa e interessar-me por ela. Mas não teve jeito, aconteceu e foi muito mais forte do que eu.
A vontade de encontrá-lo, conversar, trocar nossas “figurinhas” e ter aqueles olhos azuis dentro dos meus era cada vez maior. Estávamos sempre juntos, várias vezes na semana, em bares, forrós, sambas ou reuniões na casa de amigos. Tínhamos muito em comum, ou melhor, temos muito em comum.
Numa dessas noites, depois de muita conversa, bebedeiras, risadas e olhares, uma chave caiu no chão, embaixo da mesa. Não sei se caiu ou se a derrubaram (será?), mas nós dois abaixamos para pegar a bendita chave. Deu no que deu: olhos nos olhos, rostos muito próximos, bocas muito sedentas de um beijo. Estava sacramentado nosso destino.
Conforme o tempo passava, quanto mais nos conhecíamos e nos tornávamos íntimos, mais o amor crescia e uma base sólida se consolidava. Uma base que só as pessoas maduras, experientes e sem medo, conseguem construir.
Uma nova oportunidade que vida nos dava, de planejar um futuro, fazer planos e sermos felizes.
Hoje, há um tempo juntos, tenho a sensação de que nunca vivi um amor tão calmo, tão forte e pleno. E se tivemos algo parecido em nossa história, em nosso passado, serviu de mais experiência para vivermos o nosso amor agora, de uma maneira que só Deus pode interromper. E eu oro todos os dias, para que Ele nos dê saúde para aproveitarmos tudo que ainda temos para viver.
Planejamos e vamos realizar nossos sonhos, que não são poucos e nem modestos.
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