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Foto final da solenidade do dia 4/6/2018 na Câmara Municipal de Araçatuba, marcando o início das festividades dos 70 anos do Legislativo araçatubense |
Outro dia um jovem me perguntou como entrei na política, esse negócio de ser candidato, ter cargo público. Não enfeitei minha resposta nem dignifiquei a minha escolha. Respondi-lhe que não sabia.
Não quis usar aquele chavão de que se os bons não participarem da política, a malandragem toma conta, porque eu estaria me classificando como bom e não gosto de me vangloriar.
O jovem me perguntou se eu gostei de ter entrado na política, pelo menos na municipal. Respondi-lhe que gostei porque ela me tirou de meu ensimesmamento natural, saí de minha casa para conhecer a cidade, mas não me adapto ao modus operandi da política, é um modo de agir cheio de baixezas num campo de ação tão enobrecedor. Nela o que é bom, às vezes, acaba não prestando.
Se eu tivesse avançado além do ribeirão Baguaçu, chegando a São Paulo ou Brasília, talvez corresse o risco de estar com muitos processos, sendo acusado de corrupção, porque na política tudo é relativo, depende do lado onde bate o holofote.
Minhas raízes estão enterradas em Araçatuba e não sinto vontade de sair do lugar onde nasci. Não sou cidadão do mundo, sou um capiau confesso. Acredito que a universalidade se inicia no local onde se vive.
No dia 4/6/2018, numa solenidade, fui homenageado na Câmara Municipal de Araçatuba ao completar 70 anos, onde fui vereador por seis anos (1983-88), assim como outras pessoas.
Aliás, foi baixa a frequência de ex-vereadores na solenidade. Talvez alguns estejam magoados por não se reelegerem, outros decepcionados com a política. O mundo é assim mesmo, meu camarada, ninguém vai mudá-lo.
Depois de me afastar do mundo político institucional recentemente, já estranhei o ambiente naquele momento da solenidade, cheio de indiretas e provocações, os milímetros são disputados em cada minuto.
Muitos políticos municipais que estavam na sessão solene vi no ninho e dei comidinha em seus bicos. Não me arrependo, apenas digo isso para dizer que conheço bem do que estou falando; eu também não era boa bisca.
Disse ao jovem para que participasse da política, defendesse sempre a democracia e toda a sociedade, a favor das boas causas. No meu diálogo com ele, percebi que estou ficando velho, pois estou me achando no direito de dar conselhos.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e Itaperuna-RJ
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