*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP
Atualizado em 31/07/2018
O prefeito eleito, estreante na administração pública, roncou muito papo na campanha eleitoral: minha prioridade vai ser o social, esporte e cultura. E assim foi com suas hipérboles.
A Educação e a Saúde abarcam metade do orçamento municipal (incluindo seus funcionários). Assistência social, cultura e esporte têm lá algumas quireras. É um tal de buscar dinheiro onde não tem, noutras esferas administrativas. E quando aperta, o prefeito avança sobre o orçamento delas: pouca cultura, nada ao esporte e pobre passando necessidade.
Ao chegar à administração municipal, o prefeito do porte de Araçatuba descobre que Obras e Mobilidade Urbana chupam uma boa grana, apesar de contar com a ajuda das multas, sempre o cobertor é curo. A secretaria de assuntos jurídicos também passa a mão na grana com as ações perdidas no judiciário, ou ajuda, com as ganhas.
Sem falar nos cargos de confiança. Na campanha eleitoral, promete-se enxugar a máquina, acabar com o cabide de emprego, mas para se eleger juntou uma penca de partidos, muitas tetas para pouco leite.
O prefeito quando economiza um cargo, promove um foguetório. No começo da administração, o chicote é grosso, quer obediência; depois percebe que já não amedronta ninguém. Fulano é protegido do vereador tal, a beltrana... Assim vai.
Aumentar impostos é perder amigos, principalmente se o prefeito for da classe dominante. Todos querem a melhor cidade, saúde para todos, mas que o dinheiro venha do céu. Não mexa no meu bolso, senhor prefeito!
Um ano de prefeito, nenhum metro de asfalto, nada de recapeamento, só tapa-buraco com farelo. A sinalização de solo desbotada. E todo mundo falando:
- Eta, prefeitinho de merda! A cidade está abandonada...
Por meio de algumas emendas parlamentares, ele consegue alguns, emboneca o centro, recapeia algumas ruas. Quem ficou com sua rua esburacada, já logo resmunga:
- Recapeou aquela rua porque a amante do prefeito mora nela!
Mas o alcaide sente que o asfalto arrumado faz dele mais prefeito, alguns começam a dizer:
- Fala, prefeitão!
- Estou vendo vantagem, senhor prefeito!
Aí, meu caro, os secretários da área social perdem o pouquinho de verba que tinham para suas atividades. Ficam pedindo adjutório, como entidade filantrópica.
Na reunião com o secretariado, o prefeito acuado determina:
- A Prefeitura só tem dinheiro para avenidas e asfalto!
- E a periferia? - pergunta alguém.
Um leitor pode me fazer cara feia e me perguntar:
- Por acaso, você está falando do Dilador, prefeito de Araçatuba, Consa?
Que nada! Se perguntar para alguém, numa cidade qualquer, o que falam do prefeito de lá, a resposta será sempre a mesma
- O que falam de todos os prefeitos do mundo.
Atualizado em 31/07/2018
O prefeito eleito, estreante na administração pública, roncou muito papo na campanha eleitoral: minha prioridade vai ser o social, esporte e cultura. E assim foi com suas hipérboles.
A Educação e a Saúde abarcam metade do orçamento municipal (incluindo seus funcionários). Assistência social, cultura e esporte têm lá algumas quireras. É um tal de buscar dinheiro onde não tem, noutras esferas administrativas. E quando aperta, o prefeito avança sobre o orçamento delas: pouca cultura, nada ao esporte e pobre passando necessidade.
Ao chegar à administração municipal, o prefeito do porte de Araçatuba descobre que Obras e Mobilidade Urbana chupam uma boa grana, apesar de contar com a ajuda das multas, sempre o cobertor é curo. A secretaria de assuntos jurídicos também passa a mão na grana com as ações perdidas no judiciário, ou ajuda, com as ganhas.
Sem falar nos cargos de confiança. Na campanha eleitoral, promete-se enxugar a máquina, acabar com o cabide de emprego, mas para se eleger juntou uma penca de partidos, muitas tetas para pouco leite.
O prefeito quando economiza um cargo, promove um foguetório. No começo da administração, o chicote é grosso, quer obediência; depois percebe que já não amedronta ninguém. Fulano é protegido do vereador tal, a beltrana... Assim vai.
Aumentar impostos é perder amigos, principalmente se o prefeito for da classe dominante. Todos querem a melhor cidade, saúde para todos, mas que o dinheiro venha do céu. Não mexa no meu bolso, senhor prefeito!
Um ano de prefeito, nenhum metro de asfalto, nada de recapeamento, só tapa-buraco com farelo. A sinalização de solo desbotada. E todo mundo falando:
- Eta, prefeitinho de merda! A cidade está abandonada...
Por meio de algumas emendas parlamentares, ele consegue alguns, emboneca o centro, recapeia algumas ruas. Quem ficou com sua rua esburacada, já logo resmunga:
- Recapeou aquela rua porque a amante do prefeito mora nela!
Mas o alcaide sente que o asfalto arrumado faz dele mais prefeito, alguns começam a dizer:
- Fala, prefeitão!
- Estou vendo vantagem, senhor prefeito!
Aí, meu caro, os secretários da área social perdem o pouquinho de verba que tinham para suas atividades. Ficam pedindo adjutório, como entidade filantrópica.
Na reunião com o secretariado, o prefeito acuado determina:
- A Prefeitura só tem dinheiro para avenidas e asfalto!
- E a periferia? - pergunta alguém.
Um leitor pode me fazer cara feia e me perguntar:
- Por acaso, você está falando do Dilador, prefeito de Araçatuba, Consa?
Que nada! Se perguntar para alguém, numa cidade qualquer, o que falam do prefeito de lá, a resposta será sempre a mesma
- O que falam de todos os prefeitos do mundo.
Caro leitor, não se engane: prefeitos são todos
iguais, só muda o município, o mandato. De vez quando se elege um bom, que
consegue driblar a burocracia; quase sempre, elege-se um ruim demais, pior que
a burocracia. É o que pensa o ex-prefeito que mudou Curitiba, Jaime
Lerner.
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