Para o Neymar, não tem nada caro

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e Itaperuna-RJ.  

Se hoje muita gente ganha dinheiro com o futebol, ele foi maldito há menos de 100 anos. Jogar bola era coisa de desocupado, como também tocar violão.

Se Neymar teve o empenho de seu pai para que ele fosse jogador de futebol, e assim milhares de pais fazem o mesmo; naquela época, era coisa que os pais condenavam. Se pegassem o filho numa pelada, a sova era certa.

Os tempos mudaram, para melhor; tocar violão e jogar futebol são atividades de artistas e atletas bem remunerados, quando são talentosos. Montou-se a indústria do entretenimento baseada no futebol. 

Retratando o antigamente, reproduzo texto do poeta Cassiano Ricardo, autor do livro Martin Cererê, escreveu assim no poema Futebol: “O pequenino vagabundo joga bola/ e sai correndo atrás da bola que salta e rola./ Já quebrou quase todas as vidraças...”

Mas a perseguição antigamente acontecia sempre: “aparece de pronto um guarda policial,/ o homem mais barrigudo deste mundo,/ com os seus botões feitos de ouro convencional,/ e zás! carrega-lhe a bola!”

Hoje, o Neymar é perseguido por seus adversários no campo de futebol e pelo fisco de cada país por onde passa, que exige a sua contribuição para os cofres públicos.

Abaixo, o quadro salarial dos principais jogadores brasileiros no exterior: 

Há dois pontos positivos em toda esse quadro. O Brasil receberá alguns como entrada de divisas e os protagonistas também "mordem" a sua parte do dinheiro do espetáculo.

A gente torce, se emociona, veste as cores verde e amarelo, vibra, mas sabemos que o futebol é um forte componente do mundo dos negócios, mas o que não é neste mundo que não seja movido pelo dinheiro: a fé tem seu dízimo e o amor tem número.

Vamos que vamos, porque morrer está caríssimo, sepultar ou cremar um defunto custa muito à família. Aliás, para o Neymar não tem nada caro.