17.1.19
Mário Ferreira Batista - discursando no Rotary Club Araçatuba |
Hélio Consolaro*
Cada pessoa tem um conjunto de relacionamentos (amizades, companheirismo, conhecimento) pessoais, sociais e até políticos.
Cada relacionamento é uma construção, tem uma trajetória, há um histórico. Se fizéssemos um sociograma entre os habitantes de uma cidade, construiríamos um cipoal de linhas. O Facebook revela isso superficialmente.
Na quinta-feira, 20/2/2013, fui convidado para um aniversário no Rotary Araçatuba, que não é o meu clube. Senti-me honrado, porque a família Ferreira Batista fez história em Araçatuba. Meu pai foi cabo eleitoral do José Ferreira Batista Jr. Na minha infância, passava na calçada defronte a uma loja de construção para ir estudar no antigo IE, cuja razão social era Prando & Ferreira, na rua Bandeirantes.
Conheci o Mário Ferreira Batista, senti o peso de sua ideologia, num debate promovido pelo Movimento Democrático Urbano (MDU), um braço da UDR (União Democrática Ruralista), no ido de 1 988, quando, moleque ainda, fui candidato a prefeito. Veja a pretensão...
As divergências ideológicas pululavam entre nós, pois estava em discussão a nova Constituição. E é bom lembrar, ainda não havia caído o muro de Berlim. Naquela época, acusar um sujeito de comunista só porque pensava diferente era a coisa mais fácil do mundo.
Lá do meio da plateia, levantou-se um senhor que se apresentou (Mário Ferreira Batista, o doutor Mário) e me acusou de querer implantar em Araçatuba, caso fosse prefeito, os sovietes, porque eu defendia a participação popular, criação do orçamento participativo e conselhos de controle social. Assim conheci o nosso aniversariante.
De lá para cá, sempre conversamos, trocamos ideias, percebemos que há algo comum entre nós. Assim, fui convidado para o seu aniversário numa reunião do Rotary Club Araçatuba, pai de todos os Rotarys que existem no município (nove). Ele completara 88 anos.
Lúcido, uma enciclopédia ambulante, com seu paletó inseparável, bom orador, lépido. Saúde de ferro. Uma personagem ímpar de Araçatuba.
Mário Ferreira Batista pulou na vida sem medo de morrer afogado. Não ficou com medo dela, participou de tudo. Não teve medo de errar, nem de expressar seus pensamentos. Não ficou escondido atrás do biombo da mudez por conveniência.
Ele era empresário, participava do mundo do “ter”. Se tinha ou tem, para este blogueiro não importa. O importante é que ele foi, é e será sempre um grande homem.Viva o Mário!
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
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