*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Araçatujba-SP
Você, caro leitor, que gosta de histórias ambientadas em
nosso tempo, precisa ler “Um casal americano”, de Tayari Jones, que já
escreveu quatro livros e tem Barak Obama como seu leitor. Ela apresenta em seus livros o “novo Sul”, pois
mora em Atlanta, sai, portanto, do tema da Guerra Civil.
A autora é tão jovem que nasceu em 1970, quando o
selecionado brasileiro conquistou o tricampeão do mundo e este croniqueiro já
estava no segundo ano de faculdade. E mais: há personagem vidrado em SUV,
aquele jipe caríssimo.
Leia o resumo, para conhecer um pouco mais da história. Com
ele, não pretendo estragar o prazer de ninguém (spoiler). Na narrativa,
não há um personagem branco, todos são negros. Também é um casal americano por
isso, não há a miscigenação como ocorre no Brasil. Há momentos da leitura que
até nos esquecemos disso, mas nem por isso a questão racial
norte-americana fica ignorada. No enredo, a justiça impede a felicidade de Roy
e Celestial.
Há uma outra perspectiva de leitura: não se trata de um
casal de negros americanos, mas de americanos, independentes da cor nos seus
sentimentos. Não há personagem vilão na história, o triângulo amoroso
Roy-Celestial-André tem um agente vil: a realidade social.
RESUMO: recém-casados,
Celestial e Roy moram em Atlanta, Geórgia, e são a personificação do sonho
americano: ela é uma artista em ascensão e ele, um jovem executivo. Mas,
durante uma viagem ao estado de Louisiana, Roy é preso e condenado a 12 anos de
reclusão por um crime que não cometeu. Separados pela injustiça racial, os dois
precisam encontrar uma forma de salvar seu casamento e superar as
circunstâncias.
O livro está dividido em três partes: A música da ponte,
Prepare uma mesa para mim, Generosidade.
Cada capítulo tem o nome de um personagem que é o seu narrador, portanto, há
três narradores de primeira pessoa.
Enquanto Roy fica preso, seria quase impossível tocar a
narrativa apensas com as visitas semanais de Celestial ao presídio. Então, na
primeira parte (A música da ponte), a autora usa o artifício das cartas. Roy
escreve e Celestial responde, por elas os fatos andam.
Um bom livro, bem montado, com um final espetacular, em que
o triângulo amoroso se desfaz, um exemplo de narrativa. E também excelente para
os leitores que querem conhecer os Estados Unidos por dentro, principalmente
aos mais jovens. Edição: TAG e Arqueiro, 365 páginas, excelente encadernação,
com marca-páginas e um pré-estudo encartado. R$ 55,90. Tradução: Alves Calado.
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