Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Nem todos são simpáticos ao calendário de comemorações: dia disso, dia daquilo. O professores, por exemplo, não gostam de interromper a sequência de suas aulas para fazer alguma atividade sobre a comemoração de tal dia. Mas foi no Dia da Árvore que começou nascer em mim uma consciência ecológica.
Quando fui para escola, Araçatuba tinha apenas 49 anos. Havia muito capão de mato ainda. Árvore para o menino tabaréu como eu era coisa para ser derrubada e virar lenha. Eu era um caipira, que também significa "cortador de mato".
Na escola, aprendi que 21 de setembro era Dia da Árvore. E ela era apresentada sem nenhum sentido ecológico, mas como uma peça importante para nossa sobrevivência. Na comemoração, plantavam-se árvores em solenidades. De lá para cá, sempre valorizei a árvore e sua sombra. E agora tenho uma concepção mais ecocêntrica do mundo.
Em 2019, precisamos comemorar com mais força o Dia da Árvore, porque vimos antipatriotas comemorarem o Dia do Fogo, em 10 de agosto de 2019, destruindo florestas inteiras com incêndios propositais para aumentar suas fazendas.
O site da BBC de Londres escreveu: "O dia 10 de agosto poderá ser classificado como um momento-chave na história recente da Amazônia. Hoje, ele já é conhecido como o "Dia do Fogo", quando produtores rurais da região Norte do país teriam iniciado um movimento conjunto para incendiar áreas da maior floresta tropical do mundo".
Até parece hipocrisia comemorar o Dia da Árvore com nossas crianças quando elas veem pela televisão e internet derrubadas criminosas de florestas inteiras. O discurso dos professores precisa ser mais duros com brasileiros tão infames. Um governo que permite isso não deve usar as cores de nossa bandeira, cujo verde simboliza as florestas.
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