AGENDA CULTURAL

6.10.19

Remédio de enjoo causa fissuras! - Alberto Consolaro

De novo, um remédio para enjoos pode provocar anomalias nos embriões! 


Na farmácia, a maioria dos medicamentos não foram testados se são teratogênicos ou indutores de anomalias nos embriões. 

Por questões legais, em quase todas a bulas está escrito: “este medicamento não deve ser ingerido por mulheres grávidas”.

O que mais suscitou progresso nos cuidados com medicamentos foi a talidomida na década de 50 e 60. Lançada na Alemanha como sedativo na insônia, ansiedade, enjoos e vômitos, especialmente em grávidas, não apresentava efeitos colaterais nos ratos, camundongos, cães, cobaias, segundo o fabricante, e foi comercializada sem receitas. Entre 1956 e 61, milhares de bebês nasceram sem membros. Antes da talidomida, qualquer produto era lançado sem pesquisas prévias. Graças a Frances Kelsey, uma funcionária de pequeno escritório de governo que virou o todo poderoso FDA, a talidomida não foi vendida nos EUA. Ela queria pesquisas no próprio país!

Antes que o poder econômico a vencesse, em 1961, o obstetra australiano William McBride desconfiou que o nascimento de três crianças sem os membros tinha relação com a ingestão de talidomida pelas mães. Escreveu uma carta à Lancet e pediu para que outros profissionais respondessem se tiveram observações semelhantes. Logo após, a comercialização da talidomida foi suspensa. A talidomida inibe uma enzima essencial na formação dos membros no embrião e apenas no período de 35 a 55 dias de gravidez, quando não se sabe que está grávida. Apenas um comprimido é suficiente para induzir as anomalias.

COINCIDÊNCIA!
Agências governamentais de vários países alertam que o Ondansetrona, remédio utilizado entre nós para evitar vômitos, se ingerido por grávidas, as crianças poderão nascer com fissurais labiais e ou palatinas. Como anti-emético é muito usado no preparo de pacientes na colonoscopia e ressonância magnética, assim como nos submetidos a radio e quimioterapia. Este risco se estende a todos as drogas do seu grupo chamado de “antagonistas dos receptores de serotonina 5HT3”.

Apesar dos comunicados oficiais, este efeito desastroso e severo da Ondansetrona como indutor de fissuras, precisa ser largamente informado à população e a comercialização reorientada. 

Em setembro, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários publicou o seguinte comunicado: “Ondansetron: riesgo de defectos de cierre orofacialies (labio leporino, paladar hendido) tras su uso durante el primer trimestre del embarazo”. Na quarta feira, a Anvisa fez o mesmo!

As evidências que este medicamento está associado à maior frequência de fissuras labiais e ou palatinas podem ser obtidas em duas pesquisas publicadas no JAMA, a revista da Associação Americana de Medicina, em dezembro de 2018, e na Reprod Toxicol, em janeiro de 2019. Esperamos uma ampla divulgação à sociedade como ação governamental!
Demorou!
 
Alberto Consolaro – Professor Titular da USP em Bauru-SP - consolaro@uol.com.br


Observatório
MARCAS – A Ondansetrona é vendida sem receita médica na forma injetável ou em comprimidos sob várias marcas comerciais como o Vonau Flash, Zofran, Nausedron, Ontrax. E ainda como Genérico ou Similares tal como Ansetron, Nausedron, Ontrax e Vonau. O mecanismo deste efeito teratogênico ainda não é conhecido.

E AGORA? A Ondansetrona pertence à categoria B:  não deve ser utilizado por grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Agora, a Anvisa ainda estuda alterar para a categoria D de risco na gravidez diante das evidências de risco fetal humano e apenas benefícios potenciais para a mulher podem, eventualmente, justificar o risco.


MATA E SERÁ PROIBIDO!

Centenas de pessoas com doenças pulmonares e muitas mortes provocadas pelo cigarro eletrônico com sabor, estão levando o governo estadunidense a proibir estes dispositivos largamente usados por adolescentes e jovens. No Brasil já é; ufa!

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