Cena de Bacurau, com Sônia Braga |
* Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Ufa! Assisti ao filme Bacurau. Eu já estava me sentindo um alienado diante da intelectualidade. Não foi falta de oportunidade, faltou mesmo disponibilidade. Até que achei alguns aplicativos em meu televisor e aluguei o danado.
Nem sei se o Pedro Flávio, da Mania Filmes, tinha um exemplar em DVD, mas também desconfio que meu aparelho não funciona mais, virou peça de museu.
Bacurau, pelo cenário e temática, lembra o Cinema Novo, mas no final estava parecendo filme de Quentin Tarantino com tanta violência. Isso tudo sem perder a qualidade.
Ouvi algumas pessoas que ficaram indiferentes ao filme. É bom dizer que não se trata de documentário, é uma narrativa e como tal precisa ser visto e interpretado, por meio das figuras.
Bacurau é revolucionário, em que os marginalizados vencem quando se organizam, enterram vivo o organizador do safári humano. Os moradores enfrentam o Venceslau Pietro Pietra (personagem de Macunaíma) com suas próprias forças, sem ajuda estranha ao grupo. O prefeito de Serra Verde era um traíra. Havia um sentimento comunitário no lugar.
Não é à toa que o povoado começa com "B". E os estrangeiros querem tirá-lo do mapa numa disputa para ver quem mata mais. Quando o povo parece fraquejar, ganha ânimo e coragem com organização e psicotrópicos.
O filme tem uma proposta política no subtexto, sem fazer discursos. Um filme nordestino que mostra o antagonismo entre Norte e Sul do Brasil.
Bacurau é apenas um filme, com possibilidade de várias leituras, não se trata de panfleto. Vale a pena vê-lo.
DADOS SOBRE O FILME
Os moradores de um pequeno povoado do sertão brasileiro,
chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa.
Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos
céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros se tornam vítimas de tiros e
cadáveres começam a aparecer, Teresa, Domingas, Acácio, Plínio, Lunga e outros
habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o
inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
Data de lançamento: 23 de agosto de 2019 (Brasil)
Direção: Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Bilheteria: 3,277 milhões USD
Indicações: Palma de Ouro
2019 · Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Prêmio de interpretação feminina
2019
Prêmio de interpretação masculina
2019
Grand Prix
2019 · Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Prêmio de melhor diretor
2019 · Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Prêmio de Roteiro
2019
Prêmios: Prêmio do Júri, ARRI/Osram Award for Best
International Film
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