Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Coringa, uma das poucas vezes que assisto a um filme antes de ele ser julgado pelo Oscar. Passou no cinema do Shopping Praça Nova, cuja programação é divulgada pelo Blog do Consa, nem posso alegar ignorância.
A minha vontade de assistir ao filme aumentou quando a Helena, que não tem paixão alguma por cinema, chegou em casa dizendo:
- Quero assistir Coringa!
Pensei comigo: "se ela se sensibilizou por algum comentário sobre o filme, deve ser bem feito".
Coringa me fez lembrar dos "doidos" que povoam Araçatuba ou qualquer outra cidade. Principalmente as metrópoles. Gente que vive marginalizada, sem visibilidade, com sonhos mil sendo esmagados, com histórias que são verdadeiras tragédias, mas que nós ignoramos (não vou usar o chavão "a sociedade ignora"), também denominada de lúpen do proletariado pela sociologia.
No filme, o assassino de três moços bem apessoados que faziam a curra de uma mulher no metrô despovoado numa madrugada, que foi salva pelas gargalhadas do palhaço, atraiu ira do trio para si (vestido de palhaço no metrô). Ele arrancou a arma que lhe foi vendida certa vez por um colega oportunista e matou os três.
Assim virou ídolo urbano, representante dos desvalidos de Gotham City: o palhaço assassino era manchete todos os dias na mídia. Quem era, cobrando presteza da polícia. Enquanto a plebe ignara vestia máscaras de palhaços como forma de apoio ao assassino.
Sempre digo que candidatos doidos têm mais facilidade de se eleger com o voto da massa desvalida, como Jânio Quadros, Fernando Collor e mais recentemente Trump e Bolsonaro. Nesses momentos históricos tensos, não há espaço para a razão.
Na arte cinematográfica, o que vale são as imagens, as cores, as perspectivas, o trabalho com a linguagem. E as fotografias do filme são sujas, apresentando os lugares pobres, onde mora o proletariado, condizentes com a urbanidade atual. O filme é ótimo nesses quesitos.
Também põe o espectador a pensar em nossas cidades americanas (Norte e Sul) que estão sendo tomadas por pessoas pobres, uma pobreza fabricada, pois ninguém fica na miséria porque Deus quer.
Dê um jeito, caro leitor, e assista ao filme, principalmente se não for um dogmático da esquerda ou da direita. Vale a pena. Você pode alugar o filme na locadora ou pela internet, em todas plataformas, como: Now, AppleTV, Youtube (filmes pagos) e outras.
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Um comentário:
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