AGENDA CULTURAL

24.1.20

Para quem está envelhecendo - Joston Miguel


Não nos preocupemos!  De que adianta, é assim mesmo.  Isso é um processo natural.  É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia.  Essa lei diz que:  “A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta”.  Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.  Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós. 

Com o tempo, os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.  Sendo assim, relaxe e aproveite.  
Parafraseando Freud:  “A morte é o alvo de tudo que vive”.  

Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha, daqui a 10 anos ele estará todo carcomido.  O mesmo acontece a nós.  
O conselho é:  Viva! Faça apenas isso.  Preocupe-se com um dia de cada vez.  Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “me use, estou acabando!”.  Hilário, porém realista.

Ficar velho e cheio de rugas é natural.  Não queira ser jovem novamente, você já foi.  Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.  Já viveu essa fase, reconcilie-se com a sua situação e permita que o passado se torne passado.  Esse é o pré-requisito da felicidade.  “O passado é lenha calcinada.  O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto”  como já dizia Cícero.

Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho, pra não se tornar caricatura de si mesmo.  Fazendo isso ganhará qualidade de vida.  

Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado.  Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora.  A flor da idade ficou no pó da estrada.  Então, para que se preocupar?!  Guarda os bisturis e toca a vida.

Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos.  Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres.

Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena à ruína sua própria alma. 

Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase.  Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu.  Se não viveu na fase devida, o melhor a fazer é esquecer.
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades.  Isso é loucura, é exagero.  Faça o que pode ser feito com o que está disponível. 


Quer um conselho?  Esqueça.  Para o seu bem, esqueça o que passou.  Tem tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está.  Coisas do passado não te pertencem mais.  

Se você tem esposa e filhos, experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute.  Aceitando ou não, o processo vai continuar.  Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora.  Nada nos pertence.

Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte.  Não posso dizer que, pelo fato de conhecer grande parte do Brasil, sou mais feliz que ele.  Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto.  

O que importa é o que está dentro de nós, a velha máxima continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.

Esse é o segredo de uma boa vida.

*Joston Miguel Silva. 
Psicólogo, Parapsicólogo
Master of Arts em Psicologia - SUNY, N.Y.USA.
Mestre em Psicologia - UnB/DF.
Psicologia - UniCeub e UnB.
Pedagogia - UniCeub/DF
Administrador pela EBAP- FGV/RJ.
Professor universitário na UnB/DF e UniCeub/DF nas disciplinas:Dinâmica de Grupo e Relações Humanas, Psicologia Aplicada à Administração, Aconselhamento Psicológico, Psicoterapia Comportamental.
Hipnólogo, fundador da SOHIDF-Sociedade de Hipnologia do DF;do CPB- Centro de Parapsicologia de Brasília e do Núcleo de Estudos dos Fenômenos Paranormais CEAM-UnB/DF.
Publicou pela Thesaurus Ed.:Curso Moderno de Psicologia Aplicada; Dinâmica de grupo e Relações Humanas, vol. I e II; A Letra do Hino Nacional Brasileiro em Instrução Programada. Segredos da Psicologia para o Jogador de Futebol por outra editora e mais sete livros por conta própira em pequenas edições experimentais.


5 comentários:

Jhamiltonbrito@gmail.com disse...

Cacete., se ficou no pó da estrada, tá fácil. É só ir buscar ou pedir pra Cleusa me trazer

Maria zei disse...

Prof. Hélio Consolaro, muito bons conselhos em relação ao envelhecimento mas é dificil aceitar numa boa.

Unknown disse...

Anjo Miguel...que belo te encontrar!
Fiquei muito feliz ao ler esse texto!

Unknown disse...

Muito realista a mensagem
Dá para refletir um bocado.

Ricardo Moura disse...

Vale a máxima "Se conselho fosse bom vendia e não dava". Estou com a Maria. É difícil encara que estamos na última etapa da vida, especialmente cientes que estamos na "melhor" idade. Ou seja, lutamos, experimentamos todo o tipo de sacrifício, esperamos uma vida e quando poderíamos aproveitar verdadeiramente a vida, a velhice já não permite mais, seu curto tempo finda.