AGENDA CULTURAL

27.6.20

As pessoas abandonam pessoas e não organizações - Gervásio Antônio Consolaro


      

Todas as organizações vivem um fluxo de entrada e saída de funcionários muito parecido com aquelas portas do tipo vaivém. As pessoas entram por esta porta por uma razão: fazer parte da organização. Talvez elas se identifiquem com a visão dela. Ou então acreditam que ela oferece grandes oportunidades. Ou possuem admiração pelo líder. Há tantas razões quanto pessoas que se candidatam a um emprego.


      Os líderes gostam de pensar que, quando as pessoas deixam a organização, isso tem pouco a ver com eles. Mas na realidade é que, em geral, somos mesmo o motivo de tal iniciativa. Algumas fontes estimam que cerca de 65% das pessoas saem das organizações por causa de seus gestores . Podemos dizer que as pessoas desistem de seu emprego ou de sua empresa, mas a realidade é que elas costumam desistir de seus líderes. A “organização” não fez nada contra elas. Mas as pessoas fizeram. Às vezes mesmo colegas de trabalho ou chefes e diretores.

1. As pessoas desistem de quem as desvaloriza: Todos nós gostamos de ouvir coisas boas a nosso respeito. Todo mundo acha ótimo serem apreciado. No entanto, muita gente não recebe um retorno positivo ou manifestações de  apoio no trabalho. Com frequência, o que acontece é o contrário: as pessoas se sentem desvalorizadas. Os diretores agem com soberba e tratam seus funcionários com desdém ou, pior ainda, com desprezo. E isso acaba com qualquer relacionamento – até mesmo uma relação profissional. Observa-se que quando os líderes desvalorizam sua equipe, começam a manipular as pessoas.

      Os líderes têm que descobrir o valor naqueles que trabalham com você. Elogie-os por sua contribuição, agregando valor à organização, aos colegas de trabalho, estimulando-os ou maximizando-lhes o desempenho. Descobrir algo que mereça elogio, e seus liderados se sentirão bem em trabalhar com você.

2. As pessoas desistem de quem não é confiável: Michael Winston, diretor da Countrywide Financial Corporation, afirma: Líderes eficazes trabalham para que as pessoas se sintam fortes e capazes. Em todas as principais pesquisas sobre os hábitos dos líderes eficazes, a confiança no líder é essencial para a fidelidade da equipe, que precisa considerar o líder probo, digno de crédito. Uma das maneiras de desenvolver essa confiança – seja no líder ou em qualquer outra pessoa – é por meio de um comportamento coerente. A confiança também se estabelece quando as palavras estão de acordo com as atitudes. Pesquisadores da área de administração elenca cinco formas rápidas de um líder perder a confiança: agir de maneira incoerente o que se diz e faz; colocar as vantagens pessoais acima das do grupo; sonegar informações; mentir ou contar meias-verdades e ter uma mentalidade fechada.

3. As pessoas desistem de quem é incompetente: todo mundo – o operário no chão da fábrica, o vendedor, o administrador mediano, o atleta ou o voluntário – quer ter a sensação de que seu líder pode dar conta do trabalho. Os líderes devem inspirar confiança, e o fazem não com seu carisma, mas quando demonstram competência. Um líder incompetente não lidera gente competente por muito tempo. Lembram-se da Lei do Respeito: “As pessoas seguem naturalmente os líderes que demonstram ser mais fortes do que elas”.

4. As pessoas desistem de quem é inseguro: alguns líderes inseguros são fáceis de ser identificados. Seu desejo de poder, de posição e de reconhecimento se manifesta numa demonstração óbvia de medo, suspeita, de desconfiança ou ciúme. Não querem treinar suas equipes para alcançar seu potencial e serem mais bem-sucedidas do que eles. E toda vez que alguém de sua equipe alcança um nível mais elevado, eles consideram isso uma traição. As pessoas querem trabalhar para líderes que as estimulem, não para o que as desmotivem.

Por fim, uma das piores coisas que podem acontecer a uma organização é perder seus melhores funcionários. Quando isso ocorre, não culpe a organização, a concorrência, o mercado ou a economia. Coloque a culpa nos líderes. Nunca esqueça; pessoas abandonam pessoas, não organização. Se você deseja manter seus melhores quadros e ajudar sua organização a cumprir sua missão, então se torne um líder ainda melhor.


Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.
       

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