AGENDA CULTURAL

9.6.20

Comunicação não violenta - Gervásio Antônio Consolaro



Em um mundo violento, cheio de preconceitos e mal-entendidos, buscamos ansiosamente soluções. Pois a boa comunicação é uma das armas mais poderosas, econômicas e de fácil aplicação.

      Grande parte dos problemas entre casais e filhos, empregados e empregadores, vizinhos, políticos e governantes pode ser amenizada e frequentemente evitadas apenas com palavras.

       Um exemplo próximo e atual é o nosso mundo político atual, pouco se conversa e muito se esbraveja, seja nas ruas, palanques improvisados, nos púlpitos de parlamentos  e principalmente nas redes sociais.

      Preocupado com isso, o escritor Marshall Rosemberg  aprofundou no assunto da violência humana, escrevendo o livro Comunicação não violenta, que aqui traremos suscintamente algumas considerações de pequena parte de seu conteúdo, ora resumindo, ora parafraseando, ora nos ajudando em nossas próprias conclusões.

      Com frequência, não reconhecemos nossa violência porque somos ignorantes a respeito dela. Presumimos que não somos violentos porque nossa visão de violência é aquela de brigar, matar, espancar e guerrear – o tipo de coisa que os indivíduos comuns não fazem.

       Quando digo isso, é porque estou me referindo à violência passiva, pois esta gera raiva na vítima, que como indivíduo ou membro de uma coletividade, se acumulada ou mal resolvida, pode responder violentamente, vejam o caso de revolta com a atual morte de homem negro asfixiado por policiais nos EUA, George Floyd.

        Infelizmente, estamos todos esperando que os outros mudem primeiro. Como disse Mahatma Gandhi “Que nós tornemos a mudança que buscamos no mundo”.

      Tudo que fazemos é condicionado por motivações egoístas (Que vantagem eu levo nisso?),e essa constatação se revela ainda mais uma verdadeira sociedade esmagadoramente materialista, que prospera com base num duro individualismo. Nenhum desses conceitos negativos leva à construção de uma família, comunidade, sociedade ou nação eticamente equilibrada.

      Não é importante que nos reunamos nos momentos de crise e demonstremos patriotismo agitando a bandeira; não basta que nos tornemos uma superpotência, construindo um arsenal que possa destruir várias vezes este mundo; não é suficiente que subjuguemos o resto do mundo com nosso poderio militar, porque não se pode construir a paz sobre alicerces de medo.

      A não violência significa permitirmos que venha à tona aquilo que existe de positivo em nós e que sejamos dominados pelo amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão e preocupação, com os outros, em vez de sermos pelas atitudes egocêntricas, egoístas, gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e agressivas que costumam dominar nosso pensamento. É comum ouvirmos as pessoas dizerem:“ Este é um mundo cruel, e, se a gente quer sobreviver, também tem que ser cruel”.

    Por fim, o mundo em que vivemos é aquilo que fazemos dele. Se hoje é impiedoso, foi porque nossas atitudes o tornaram assim. Se mudamos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo, e essa mudança começará por nossa linguagem e nossos métodos de comunicação. Voltaremos no assunto.

Título original do livro: Comunicação não-violenta.


Gervásio Antônio Consolaro, ex-delegado regional tributário do estado, agente fiscal de Rendas aposentado. Assessor executivo  da Prefeitura de Araçatuba, administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduado em Direito Tributário

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