Em um mundo violento, cheio de
preconceitos e mal-entendidos, buscamos ansiosamente soluções. Pois a boa
comunicação é uma das armas mais poderosas, econômicas e de fácil aplicação.
Grande parte dos problemas entre casais e
filhos, empregados e empregadores, vizinhos, políticos e governantes pode ser
amenizada e frequentemente evitadas apenas com palavras.
Um exemplo próximo e atual é o nosso
mundo político atual, pouco se conversa e muito se esbraveja, seja nas ruas,
palanques improvisados, nos púlpitos de parlamentos e principalmente nas redes sociais.
Preocupado com isso, o escritor Marshall
Rosemberg aprofundou no assunto da
violência humana, escrevendo o livro Comunicação não violenta, que aqui
traremos suscintamente algumas considerações de pequena parte de seu conteúdo, ora
resumindo, ora parafraseando, ora nos ajudando em nossas próprias conclusões.
Com frequência, não reconhecemos nossa
violência porque somos ignorantes a respeito dela. Presumimos que não somos
violentos porque nossa visão de violência é aquela de brigar, matar, espancar e
guerrear – o tipo de coisa que os indivíduos comuns não fazem.
Quando digo isso, é porque estou me
referindo à violência passiva, pois esta gera raiva na vítima, que como indivíduo
ou membro de uma coletividade, se acumulada ou mal resolvida, pode responder violentamente,
vejam o caso de revolta com a atual morte de homem negro asfixiado por
policiais nos EUA, George Floyd.
Infelizmente,
estamos todos esperando que os outros mudem primeiro. Como disse Mahatma Gandhi
“Que nós tornemos a mudança que buscamos no mundo”.
Tudo que fazemos é condicionado por
motivações egoístas (Que vantagem eu levo nisso?),e essa constatação se revela
ainda mais uma verdadeira sociedade esmagadoramente materialista, que prospera
com base num duro individualismo. Nenhum desses conceitos negativos leva à construção
de uma família, comunidade, sociedade ou nação eticamente equilibrada.
Não é importante que nos reunamos nos
momentos de crise e demonstremos patriotismo agitando a bandeira; não basta que
nos tornemos uma superpotência, construindo um arsenal que possa destruir
várias vezes este mundo; não é suficiente que subjuguemos o resto do mundo com
nosso poderio militar, porque não se pode construir a paz sobre alicerces de
medo.
A não violência significa permitirmos que
venha à tona aquilo que existe de positivo em nós e que sejamos dominados pelo
amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão e preocupação, com os outros,
em vez de sermos pelas atitudes egocêntricas, egoístas, gananciosas, odientas,
preconceituosas, suspeitosas e agressivas que costumam dominar nosso
pensamento. É comum ouvirmos as pessoas dizerem:“ Este é um mundo cruel, e, se
a gente quer sobreviver, também tem que ser cruel”.
Por fim, o mundo em que vivemos é aquilo
que fazemos dele. Se hoje é impiedoso, foi porque nossas atitudes o tornaram
assim. Se mudamos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo, e essa mudança
começará por nossa linguagem e nossos métodos de comunicação. Voltaremos no
assunto.
Título original do livro: Comunicação não-violenta.
Gervásio Antônio Consolaro, ex-delegado regional tributário do estado, agente fiscal de Rendas aposentado. Assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduado em Direito Tributário
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