Cada centímetro de osso mineralizado tem milhares de células osteocíticas intercomunicantes |
Osso é úmido, maleável, plástico e se remodela a todo instante. O que acostumamos ver como esqueleto não é osso, são restos secos dos 206 ossos que temos, cada um com sua forma e jeito de ser!
Além da parte mineralizada, osso tem muitas células. Por dentro do osso tem a medula e um revestimento interno em camada conhecida por endósteo. Na parte externa óssea tem o periósteo, uma membrana muito importante cheia de vasos sanguíneos e células. Quando o cirurgião atua no osso, tem que levantar o periósteo para acessá-lo.
ESPONJA
Deformável, o osso parece uma esponja com milhões de pequenos orifícios ou microcavidades que se comunicam por bilhões de túbulos aleatoriamente distribuídos. Dentro de cada orifício, ou osteoplasto, tem uma célula chamada osteócito que parece uma aranha com 20 a 50 pernas ou prolongamentos dentro dos túbulos se comunicando com outras 20 a 50 células.
Se removermos ou
derretermos quimicamente a parte mineralizada do osso, sobram os osteócitos e
seus prolongamentos se intercomunicando, o que desnuda uma rede tridimensional
como se fosse os neurônios do cérebro, ou seja, é neural-like ou parecida com
uma rede neural com o formato de um andaime.
Quem controla tudo no osso são os osteócitos com sua rede tridimensional. Osso forte ou fraco, torto ou reto, volumoso ou fragilizado, tudo é culpa primariamente dos osteócitos. As doenças ósseas, quase sempre, têm causas nos osteócitos. Pelo formato do corpo e do esqueleto dá para saber se é uma bailarina, violinista, atleta de basquete, nadador, sedentário, futebolista. Com o passar dos anos, se a demanda funcional cessar, uma nova readaptação acontece e volta-se ao formato original!
FORMA E VOLUME
Cada osso tem sua rede osteocítica tridimensional e sobre ela tem se o manto do periósteo. Logo abaixo, o osso é mais denso como uma tábua chamada de cortical da qual partem para dentro ripas conhecidas como trabéculas e que formam uma grade irregular apelidada de trabeculado.
Quando submetida a forças repetitivas, a rede 3D se altera e capta o sinal mecânico ou físico para que os osteócitos liberam substâncias intercomunicantes para que todos componentes ósseos contribuam aumentando a parte mineralizada, via parceiros osteoblastos, ou para as células clásticas reabsorverem o osso e refazê-lo agora de forma adaptada. O osso fica volumoso e com a forma readequada, com mais trabéculas e corticais mais espessas para absorver melhor a demanda funcional a que foi colocado! Assim o esqueleto se adapta ao basquetebol, natação, dança, futebol, música e sucessivamente.
Se submetido ao desuso, vida sedentária, falta de exercício e movimentos, a rede osteocítica não receberá deformações ou estímulos e ficará metabolicamente quieta, com produção muito baixa de substâncias intercomunicantes para os demais componentes do osso! Sem comunicação, a parte mineralizada vai sendo reabsorvida, as células se reduzem numericamente e o volume ósseo diminui com a baixa atividade física! É a inatividade que leva o esqueleto a ficar frágil e diminuído. Até na face!
Alberto Consolaro – professor titular da USP - FOB Bauru-SP - consolaro@uol.com.br
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