*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
O papa Francisco pisou na bola, respondendo a um pedido de oração de um padre para salvar nosso país, quando respondeu em tão de brincadeira que o "Brasil não tem salvação, é muita cachaça e pouca oração"
O sambista Edmar Marques da Silva, o Boca Nervosa, paulista que vive fazendo samba sobre escorregões de personalidades, não perdoou: "Até você, Francisco, chamando nós de cachaceiro".
Na letra do samba, Boca Nervosa diz que o brasileiro bebe, mas sempre o primeiro gole é pro santo. E que o brasileiro encontra a fé em todas as religiões, citando as de matriz africana. Nesse proseio, ninguém chutou a santa ou pisou em despacho.
Aliás, meu amigo meio revoltado gostaria de que Francisco tivesse cantado uma estrofe do samba da bênção de Vinício de Morais: "Fazer samba não é contar piada / E quem faz samba assim não é de nada / O bom samba é uma forma de oração", mas o papa é muito educado.
De Gaulle, ex-presidente da França, após visita ao nosso país também andou falando mal da gente, quando disse que o Brasil não é um país sério. Que falem, o Consa gosta mesmo de ser brasileiro.
Há muitas afirmações sobre o brasileiro: que ele não desiste nunca, está sempre encontrando saídas para seus problemas. Nessa linha de pensamento, o Consa se encaixa: sou descendente de italiano, mas me orgulho de ser brasileiro, com todos os defeitos da nacionalidade.
O historiador Sérgio Buarque de Holanda, autor do livro "Raízes do Brasil", afirmou que o brasileiro é um homem cordial. Só faltou dizer o tipo: favelado, policial ou burguês. Diante da última chacina ocorrida no Rio de Janeiro, quando a polícia matou 28, a cordialidade passou ao largo do Brasil.
Em muitas religiões, é comum ingerir alucinógenos nos cultos, não é diferente nas missas celebradas por Francisco: o cálice com vinho.
Levemos tudo na brincadeira, como fez Boca Nervosa. Beber sim, mas sem ficar com os pés redondos.
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