Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Passaram-me uma mensagem no zap:
- Deixei um presente em sua caixa postal. Já está paga.
Fiquei ansioso, pois estava viajando:
Aí seguiu uma recomendação:
- É para usar, hein!
Depois de descarregar a carga do carro junto com a Helena,
fui lá ver o tal presente deixado na caixa postal de minha casa. Era uma
camiseta preta com a inscrição FORA BOLSONARO embalada num envelope saco.
Pensei lá com os meus botões: nunca pus o Bolsonaro pra
dentro, FORA BOLSONARO é a palavra de ordem mais fácil do mundo.
Sempre tive preocupação com os dizeres expostos em minhas
camisetas, mesmo em inglês, quero saber a tradução. De repente, é um palavrão
numa língua estrangeira.
Atualmente, comprei uma camiseta preta com um verso de
Lenine da música Paciência: “A vida é tão rara”. Ninguém encrespou com os
dizeres, pois por aqui não temos milicianos.
Antigamente, quem usava a palavra de ordem de fora
fulano, fora sicrano, era a esquerda. Hoje, é lugar comum. Basta o político
fazer algum desaforo que logo estão desejando a saída dele ou dela.
Durante a campanha eleitoral de 2018, um vizinho
estacionava seus carros defronte à minha casa com o selo da campanha do
Bolsonaro. Para mostrar para os transeuntes que minha opção não era aquela, fui
buscar um faixa da campanha do Haddad para fixar na fachada de minha casa.
Os selos de campanha de Bolsonaro se desbotaram, sumiram,
foram arrancados. De repente, apareceu uma moto na frente de minha casa com a seguinte
inscrição: “Força, Bolsonaro!”. Pelo jeito, estava perdendo apoio.
Hoje, depois da pandemia, não se encontra mais quem
defenda o imbecil com tanto ardor. Mas se precisar de uma forcinha para pôr aquele
animal pra fora, posso usar a camiseta. Os bolsonaristas acabaram mesmo com o prestígio da camiseta da seleção brasileira.
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