AGENDA CULTURAL

16.2.22

Chás, garrafadas e cápsulas: muito cuidado! - Alberto Consolaro

Em feiras e mercados é muito comum encontrarmos garrafadas, cápsulas, ervas e outros produtos sem qualquer registro na Anvisa: cuidado!

Tudo que for ingerir, injetar, implantar, tomar, passar na pele ou usar na higiene tem a ver com alimentação ou saúde e devemos saber onde foi fabricado, por quem e qual a sua composição. E, especialmente, ver o número de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária ou Anvisa. Se não tem este número, não compre e não use, pois, o produto pode ser falsificado, pirata, vencido ou tóxico!

Ao entrar no site da Anvisa digite o número e terás todas informações sobre o produto! Inclusive se está autorizado, qual a finalidade e como foi classificado: cosmético, medicamento, alimento, suplemento e assim por diante.

Para aprovar, os fabricantes apresentam trabalhos científicos, composição, benefícios e testes em humanos. A agência vai usar as informações e checar nas publicações científicas nacionais e internacionais se realmente os dados e fatos conferem com o que foi apresentado. Um produto pode ter o seu registro suspenso ou cassado com denúncias ou por enganar as pessoas.

Todos os países com certo grau de desenvolvimento têm uma agência reguladora igual a Anvisa, cuja respeitabilidade internacional é inquestionável. Todas as agências reguladoras de alimentos e medicamentos se baseiam nas publicações científicas a partir das pesquisas feitas em universidades e institutos. Cada setor da vida de um país é controlado por uma agência reguladora como acontece com a aviação civil, energia elétrica, telefonia, pós-graduação e outras. Elas obedecem a princípios constitucionais e seguem regras bem definidas pela lei vigente, independentemente do governo.

Tudo que for implantado, injetado, aplicado ou ingerido deve-se analisar o rótulo. Se for um produto injetado ou implantado, solicite a embalagem! Nela você vai conferir vencimento, número da Anvisa, quem fabricou, qual a composição! Ter a embalagem e o rótulo é um direito seu, zele pela sua saúde e integridade.

QUAL A COMPOSIÇÃO?

Algumas pessoas usam tomar garrafadas ou conjunto de ervas, raízes e chás colocados em um frasco para se levar para casa e “curar” muitas coisas e até doenças, desânimos e quedas de cabelos. Tem fórmulas até com caranguejos, insetos, morcegos e barbatana de peixes. Em regiões mais chiques se coloca essas ervas, chás e raízes moídas em cápsulas iguais as dos antibióticos, compradas vazias facilmente. Um desses exemplos foi o produto para emagrecimento chamado de “50 ervas” que levou uma paciente a morte e o país tomou conhecimento pela mídia.

Esses produtos não se tem a origem, a qualidade da embalagem, qual a verdadeira composição, se tem agrotóxicos, hormônios, vitaminas e estimulantes perigosos para a vida quando fabricado e usado sem controle. Sem contar ainda que podem estar contaminados por fungos, bactérias, vírus e parasitas. Tudo que se for usar, temos que ter o rótulo e checar o número Anvisa no site.

Os medicamentos, alimentos, produtos médicos e odontológicos devem dar acesso a todas as informações. A época das poções mágicas onde o guru detém o segredo e apenas seus amigos fabricam a fórmula, não é mais compatível com a vida evoluída. Antes de se usar, deve se fazer pesquisas e publicá-las para requerer registro e autorização de comercialização.

Estas análises e critérios servem para todos os produtos, não importa se sintéticos ou naturais. Muitos produtos naturais são mortais como veneno da cobra, cicuta, estricnina e muitos outros. O fato de ser natural não significa que necessariamente é bom e que só faz bem! No chá de emagrecimento ’50 ervas”, elas eram naturais, mas muitas eram hepatotóxicas.

REFLEXÃO FINAL

A sociedade tem como controlar e avaliar os produtos alimentícios e medicamentosos a ser disponibilizados à população. A Anvisa representa a sociedade. Não devemos usar nada sem a sua avaliação prévia. Mesmo que seja um “simples e inocente” chazinho ou comprimido, um aparelho qualquer, devemos usar seus registros para nossa informação e segurança. Esta avaliação tem como base a ciência. Checar o rótulo de tudo que usamos ou optamos por ingerir, injetar, usar ou passar no corpo é uma forma de preservarmos a vida.

Que evitemos tragédias! 

 Alberto Consolaro - professor titular
pela USP - consolaro@uol.com.br

 

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