AGENDA CULTURAL

22.5.22

Mentiras sobre o álcool - Alberto Consolaro

Álcool causa de cânceres de boca, orofaringe, laringe, esôfago, fígado, mama e intestino, além do estômago e pâncreas!

Somos uma das nações que mais consomem álcool por pessoa, pois cada brasileiro ingere nove litros ao ano segundo a OMS. Assustador e impactante pela quantidade e pelo mal que faz. Imagino fígado e rins dentro de um galão com nove litros de álcool. Como não bebo, logo vejo um amigo bebendo 18 litros ao ano.

A relação do álcool com o câncer é direta na boca, orofaringe, laringe, esófago, fígado, mama, intestino, pâncreas e estômago. Não importa se beber pouco ou muito, provoca câncer do mesmo jeito, mas é claro que quanto maior e frequente o consumo, maior é o risco estatístico! Muitas vezes o álcool é ingerido sob o manto de 9 mentiras: 

1ª) Sem álcool não tem graça sair e conversar com os amigos! Está na hora de checar as conversas e os amigos, porque o nível deve estar baixo. A lista dos assuntos deve ser 50% de vida alheia, 49% doenças ou mortes e apenas 1% para outras coisas. Alguém vai dizer: tem coisa melhor que falar da vida alheia? Sem comentários.

 2ª) Nada como fazer amor depois de um vinho. Beber álcool pode levar a perda do olfato e os bafos passam despercebidos. A língua saburrosa mascara os sabores. Se para ter entusiasmo no sexo, precisa beber, a coisa está feia ou aquela frase pode estar certa: não existe pessoas feias ou chatas para ficar, namorar ou aturar, você que bebeu pouco!

3ª) É bebendo que se fala verdades. Os covardes só têm coragem quando o álcool inibe os freios e amarras psicológicas. Se uma pessoa é diferente quando bebe, é porque é falsa quando está sóbria. Será que apenas quando bebem elas se soltam, ficam mais atraentes e ousadas?

4ª) A pessoa fica corajosa quando bebe. Ela fica tão corajosa que briga, esmurra a mesa e passa a fazer violência. Depois da ressaca vai ter que encarar a família, o chefe e as crianças. Que papelão.

5ª) Se bebe para esquecer as mágoas. Os relacionamentos se desgastam, as mágoas se acumulam, as conveniências falam mais alto e no final da semana, para evitar “DR”, se bebe demais. No domingo, cai na cama e viva a segunda feira e o trabalho!

6ª) Ficar com a mesma pessoa por anos, apenas bebendo muito! Já cantava o poeta Frejat falando em “Por você”: eu ficaria anos com a mesma mulher! O amor verdadeiro é assim! Se não existir, realmente tem que se beber para aturar, quando não se tem coragem para a relação terminar.

7ª) Música e poesia boas se fazem quando bebe. Mais uma inverdade! Somente quem nunca fez música e nem poesia pode falar isto. O trabalho para construir estas obras exige muita concentração e inspiração. É claro que o álcool não aumenta a criatividade e muito menos a inspiração! Se fosse assim nas universidades e institutos de pesquisa se permitiria beber, inclusive durante as aulas!

8ª) A pessoa fica corajosa quando bebe. Parece que beber álcool solta as frangas e os frangos que têm dentro de si e libera geral as taras, fantasias e loucuras? Sim, está provado que o álcool aumenta a produção da oxitocina ou hormônio do amor e estimula a traição conjugal. O álcool é a terceira causa mais frequente de divórcio nos EUA. Isto não significa que a pessoa fica mais potente sexualmente, apenas mais ousado em seu comportamento!

9ª) Só bebo socialmente para me soltar! Não existe critério para consumo social, pois o álcool faz mal para tudo, incluindo as atividades sexuais. Depois da festa, quem bebe vai dormir e não fazer amor, carinhos ou ter conversas interessantes. Sair andando pela festa com o copo na mão é anunciar: esta noite não vai ter nada!

REFLEXÃO FINAL

Beber não é elegante, a pessoa fica agressiva, grosseira e fala ou age sem controle! Reconheçamos beber é autoagressividade, insegurança e falta de cuidado consigo mesmo. Não é inteligente beber álcool e talvez seja isto que faz muitas pessoas parar de beber ao longo da vida. Procure algo mais prazeroso para fazer e se divertir, pois as vezes bebemos por falta de opção ou de uma companhia melhor!   

Alberto Consolaro - professor titular pela USP  

consolaro@uol.com.br

 


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