AGENDA CULTURAL

1.7.22

Caiu no dia de São Pedro - Antônio Reis

 

Dia 29 de junho é dedicado a São Pedro, o último a ser festejado entre os santos juninos. Muitos Pedros de todo o Brasil, em especial do interior, comemoram o dia com pagamento de promessas, queima de fogos, terços, quentão, vinho quente, amendoim, canjica, milho cozido, batata doce assada na fogueira e outras gostosuras mais.

Neste ano, porém, um Pedro levou a pior. Funcionárias da Caixa Econômica Federal não deixaram a batata assar e denunciaram Pedro Guimarães, queimado na fogueira das vaidades. Falastrão, prolixo, espalhafatoso e metido a sabidão, aquele que no popular é chamado de mala sem alça, o executivo foi se revelando aos poucos.

Em dezembro passado, em visita à agência da Caixa em Atibaia, interior de São Paulo, constrangeu os funcionários obrigando-os a fazer exercícios físicos no local de trabalho. O assédio moral ganhou as páginas dos principais jornais do País. Agora, foi denunciado por funcionárias do banco por assédio sexual. Coisas escabrosas vieram e continuarão a vir à tona. A essa altura, chamá-lo de “mala” tornou-se elogio.

Enquanto pôde, “tava se achando”. Possivelmente se considerava personagem de “Para Pedro”, antiga cantiga popular gaúcha, sucesso no rádio lá pelos idos dos anos 70. “Era um baile lá na serra, na fazenda da Ramada/Foi por lá que um tal de Pedro se chegou de madrugada/Só escutei um zum zum, mas não sabia de nada/Só ouvia mulher gritando: ‘Este Pedro é uma parada’/Para Pedro, Pedro para”.

Viajou na maionese e dançou, não a quadrilha junina. Dançou seu cargo, dançou seu polpudo salário. Por capricho dessa vida, o nada santo Pedro Guimarães caiu no dia de São Pedro.

Antônio Reis
 é jornalista e ativista do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras (AAL).


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