Foto: Regiane Rocha/Secom Palmas |
Conversar com os botões, quando não se usava camiseta. Uma expressão que significa manter um solilóquio, um diálogo consigo mesmo. Essa cultura da conversa interior, aquele momento de reflexão sobre a vida, ouvir a voz de dentro, mantém nossa saúde mental.
Falar
sozinho, ao contrário de ser loucura, é um hábito até de organizar os
pensamentos. Algumas apenas mexem os lábios. Ao escrever crônicas, este
blogueiro conversa sozinho, ou melhor, pratica diálogo com leitores
imaginários.
Aquela
sumida que você dá, caro leitor, na sala de espera do consultório, pensativo,
esperando atendimento, ou até mesmo naquele barulhento ponto de ônibus,
chegando a se assustar quando alguém lhe cutuca, é um momento forte de
reflexão. Você até fica descansado depois daqueles minutos de imersão no seu
interior.
Ninguém
para de pensar, o cérebro vive trabalhando conforme suas exigências. Se tiver
algum problema insolúvel, durante o seu sono, ele vai encontrar a solução. No
outro dia, vem a luz mágica. Muitos atribuem isso ao Espírito Santo, mas o mais
importante é que problemas foram resolvidos. O mundo divino não cobra direitos
autorais.
Só
pensar nos boletos, nas contas a pagar, como comer amanhã, resumindo: passar o
tempo pensando em satisfazer as suas necessidades primárias, não constrói a
espiritualidade de nossas vidas. Todos têm o direito de filosofar, de deixar o
pensamento voar, mas antes precisam alimentar o seu corpo
fisicamente.
Comecei
a escrever crônica todos os dias em 1993, no antigo jornal Folha da
Manhã, de Araçatuba. E fui assim, passando pela Folha da Região, até
2008. Como amadureci, tendo que escrever diariamente, era o privilégio de ter
esse tempo de reflexão. Teoremas da vida insolúveis eram resolvidos nestes
momentos.
Por
que, caro leitor, me deu vontade de escrever sobre isso? Ouvi falar em Brasília
de demônios durante a semana, ou melhor, chamando assim seus adversários,
batendo no peito que eram melhores. Eu acho que esse pessoal terceiriza sua
interioridade e pagam o dízimo para isso.
Confesso
que não divido o mundo em duas partes, porque não tenho nenhum demônio de
estimação. Sou mais Sócrates: o conhecimento
de si é a base para todos os outros conhecimentos sobre o mundo.
Aliás,
sabe-se que Lúcifer era amigo de Deus, da cozinha, frequentavam a mesma
casa. E continuam morando juntos dentro de cada um de nós.
Como
canta Zeca Baleiro nos tempos atuais: "O mercado tá de olho é no som que Deus criou/ Com
trombetas distorcidas e harpas envenenadas/ Mundo inteiro vai pirar com o
heavy metal do Senhor". Tudo junto e misturado.
OUÇA A MÚSICA DO ZECA BALEIRO CLICANDO AQUI: HEAVY METAL DO SENHOR
2 comentários:
Legal a pessoa manter diálogo de si para si, já fiz isso, parece que há algo a ser ajustado.O problema são as pessoas achar que piramos é que precisamos de psiquiatra. Kkkkk
Dizem que o excesso de muitos afazeres são coordenados ao falarmos com nós mesmo, mas tem que haver prudência para não sermos rotulados de birutas.
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