Anodontia parcial bilateral em incisivos laterais superiores e suas consequências estéticas e funcionais. |
Nos dentes se chama anodontia parcial, que os europeus preferem chamar de hipodontia. A não formação de dentes pode ser uma alteração genética hereditária em quase todos os casos. Só não é congênita porque não está presente na hora do nascimento; congênita significa “nascido com”. O termo agenesia é genérico para ausência de formação de qualquer órgão como rim, baço e outros.
A anodontia parcial envolve um ou vários
dentes e, raramente, todos os dentes estão ausentes quando se chama anodontia
total, fazendo parte da síndrome Displasia Ectodérmica Hereditária.
Em duas situações, um fator externo pode
eliminar os germes dentários nas crianças. Germes são dentes ainda em formação
na fase intraóssea. Uma situação é a radioterapia nos maxilares de crianças com
neoplasias malignas, o que impede o germe se desenvolver. A outra situação pode
ocorrer nas cirurgias para a remoção de tumores benignos ou malignos e que pode
remover alguns germes.
FREQUÊNCIA
A anodontia parcial ocorre em até 35% de
algumas populações. Nos dentes do siso ou terceiros molares ela nem é
considerada nos levantamentos pela sua elevada frequência. Ela pode afetar de
um até os quatro sisos, o que só é determinado em radiografias, pois muitos
estão intraósseos.
Nos europeus, os dentes mais envolvidos são
os pré-molares inferiores e superiores. Nos estadunidenses, são os incisivos
laterais superiores, enquanto nos orientais, especialmente nos japoneses, são
os incisivos centrais inferiores. Nos brasileiros, pela miscigenação, cada
região pode ter um ou outro dente mais afetado, dependendo da origem da
população.
CONSEQUÊNCIAS E TRATAMENTOS
A anodontia parcial dos incisivos laterais
superiores atinge a estética do sorriso com os dentes espaçados, atrapalhando a
fonação e oclusão dos dentes. O incisivo lateral superior decíduo está presente
e com isto, se descobre tardiamente a anodontia parcial do permanente.
Na anodontia parcial de pré-molares, a
oclusão alterada se descobre tardiamente e os dentes vizinhos se deslocam
indevidamente. A persistência do dente decíduo dura pouco, pois ocorre infra
oclusão, anquilose e reabsorção por substituição, inevitavelmente.
O tratamento da anodontia parcial varia de
caso para caso e os profissionais envolvidos devem trabalhar harmoniosamente no
momento do diagnóstico, que deve ser o mais precoce possível e na cronologia do
plano de tratamento. Estão envolvidos o odontopediatra, ortodontista,
implantodontista e esteticista, entre outros.
A anodontia parcial pode ser uni ou
bilateral e envolver vários dentes, devendo-se avaliar os familiares para
diagnósticos precoces, tratamentos e orientação. O profissional da odontologia
está preparado para acolher os casos e promover o tratamento harmonioso no
contexto de uma equipe de especialistas. Os pais devem consultar os
odontopediatras para checar, com imagens, se os filhos têm anodontia parcial e
se houver, que se faça o diagnóstico preciso e um plano de tratamento de acordo
com a cronologia da erupção dentária.
REFLEXÃO FINAL
Os dados de análises dos crânios mais antigos dos nossos ancestrais, não nos permitem dizer que o número de dentes humanos está se reduzindo, pois isso é apenas opinativo. Forma e número de dentes no homem moderno são semelhantes aos ancestrais. Para explicar a causa da anodontia parcial, especialmente aos pacientes e famílias, justifique-a como uma das variações fenotípicas da raça humana transmitida de forma hereditária, via modificações genéticas e sem relação com qualquer fator externo. Mais do que isso, cairemos no campo das especulações!
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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