Dá
para comparar as células azuis e amarelas (em A) com as casas da cidade. As
ruas seriam os vasos sanguíneos, em vermelho, entre elas |
Às vezes, uma casa ou célula tem problemas
internos sérios, caem paredes e até com mortes ou necroses. Nestes casos mais
graves, a polícia tem que intervir, ou seja, os componentes do sangue saem das
ruas, ou vasos, e adentram nas casas para achar o agressor e eliminá-lo. Neste
momento juntam-se muitas pessoas e policiais com um certo tumulto no local, mas
depois de algumas horas ou dias tudo vai voltando ao normal. No corpo, este
tumulto local, se traduz em aumento de volume e calor na área, além de dor.
O estresse celular é quando nas casas
existe uma tensão por trabalho excessivo ou muita agitação, quase sempre, por
estímulos benéficos. Isso pode estimular uma reforma na casa, aumentando ou
diminuindo o que se chamaria de hipertrofia ou atrofia. Pode fazer, ainda, com
que a casa ou as células proliferem mais, o que se chamaria hiperplasia. Tudo
para a célula se adaptar a esta agitação aumentada.
Muitas vezes, esse estresse faz com que a
parte não executada do trabalho, leve ao acúmulo de produtos no interior da
casa ou da célula. Ora acumula gordura, ora pigmentos, quando não, proteínas
não metabolizadas. Em uma visita a esta célula ou casa se percebe que está um
tanto desorganizada e, se não tomar providência, a casa pode cair ou a célula,
morrer. Se não morrer se chama de “agressão subletal” ou pré-morte. No caso de
morte, vai se chamar “necrose”.
COMEÇOU
Até a necrose, os agentes do sangue, ou os
policiais das ruas, não interviriam na casa, mas agora, algo deve ser feito.
Jatos de água ou líquidos cheios de substâncias químicas plasmáticas serão
jogadas dentro e fora das casas para atenuar o agressor e diminuir os danos.
Minutos depois, entram os policiais que, no sangue, são chamados de leucócitos,
glóbulos brancos ou células imunológicas. Entres os produtos químicos estão os
anticorpos e enzimas como se fossem produtos de limpeza desinfetantes.
Em quase todos os casos, isso fará aquela
comunidade voltar ao normal em alguns dias ou semanas e esse processo será
chamado de inflamação e a reconstrução a ser feita em seguida como parte do
processo, é o reparo. A maioria das células serão preservadas e, algumas casas,
reconstruídas. No caso de Ana Hickmann foi assim e teve um momento que vizinhos
e policiais tiveram que interferir para que nem se cogitasse uma morte naquela
casa. Agora, aquela casa, interna ou externamente, decide se será reconstruída
ou substituída por outra.
REFLEXÕES FINAIS
Na depilação, “pelling”, movimento
dentário, restauração dentária e outros procedimentos médico-odontológicos se
induz estresse celular, e a inflamação só ocorre quando há excessos que levem a
agressões celulares subletais ou letais. Já nas cirurgias, ocorrem mortes
celulares pelas manobras e a inflamação será necessária, até para reconstruir e
reparar a área operada.
Na vida e no corpo, é difícil definir
quando é hora de intervir e suspender o processo, ou quando é apenas um
estresse mais intenso. Muitas vezes, os vizinhos e parentes terão que acionar a
inflamação ou a polícia para estancar a agressão.
Já faz um certo tempo que perdeu validade o dito popular que dizia: “em briga de marido e mulher, não se mete a colher” ou “em briga de parceiros não se mexe em vespeiros”. Têm casos, que a inflamação é inevitável, mas depois vem o reparo!
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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