Na atualidade, os exames prévios a procedimentos são muito acessíveis a pacientes e profissionais |
Sai na mídia toda semana, casos de pacientes com hemorragias e sepses em consequência de procedimentos “simples” que podem ser desde a depilação, pedicure, manicure, injeção intradérmica, limpeza de pele, procedimentos dermatológicos e odontológicos, preenchimentos, cirurgias menores e maiores, até se chegar aos transplantes.
Procedimentos se iniciam com a retirada da
maioria das bactérias, vírus, fungos e parasitas na área. São trilhões e vivem
na pele, cabelos, pelos, olhos, ouvidos, nariz, ânus, uretra e boca. Não temos
como eliminar todos, pois não se tem como fazer isso! Isto se chama antissepsia
e se usa substâncias químicas, mas pode se fazer esfregando com sabão,
dentifrícios, cremes, pomadas e até substâncias gasosas.
Nos procedimentos, as luvas, gazes, cremes,
fios, agulhas e instrumentos devem ser esterilizados, o que significa eliminar
todos os microrganismos do material, inclusive o vírus da hepatite B e o bacilo
da tuberculose, os mais resistentes que temos. E o único jeito de eliminar
todos os microrganismos é o uso adequado do autoclave.
Alguns materiais não são esterilizáveis na
autoclave, pois derretem ou perdem o corte. Nestes casos, são colocados em
substâncias químicas, gazes, luz ultravioleta, laser, estufa e outros meios
qualificados como desinfetantes. Eles não conseguem acabar com todos os
microrganismos, mas com boa parte destes, muito mais do que quando se usa
antissépticos. Os desinfetantes são bem
mais efetivos e fortes que os antissépticos e não podem ser usados nos humanos
e animais, pois podem intoxicá-los e até levar a morte. Antissépticos se usa em
vivos, desinfetantes em seres inanimados.
Se não adotar esta sequência rigorosamente,
o risco de uma complicação pós-operatória é enorme como sepses e hemorragias.
Mesmo assim, os mecanismos de defesa como inflamação e resposta imunológica,
conseguem, na maioria dos casos, superar os microrganismos que entram no corpo
durante os procedimentos.
MUNDO HOJE
Pessoas vivem mais e sobrevivem com doenças
debilitantes como anemias, diabetes, autoimunes, cardiopatias, neoplasias,
quimioterapia, radioterapia, dengue, covid, gripe, transplantados etc. Na
maioria, não se percebe que é portadora de alguma destas situações, mesmo
quando atendidas por profissional experiente.
O risco de complicação pós-operatória
nestes pacientes debilitados é muito maior. Como o profissional pode se
prevenir destas complicações? Seguindo-se TRÊS REGRAS DE OURO no atendimento
clínico em TODOS os pacientes:
1ª). Fazer
antissepsia, desinfecção e esterilização rigorosas,
2ª). Anamnese
e exame físico minuciosos e, especialmente,
3ª).Solicitar
exames complementares como hemograma com contagem de leucócitos e de plaquetas,
glicemias e outros exames como radiografia e tomografia. Muitos desses exames são feitos até em farmácias. Diagnóstico preciso é tudo!
Pacientes com dengue, anemias e leucemias,
por exemplo, podem ter aspectos de completa normalidade, mas a contagem de
plaquetas em níveis extremamente baixo com risco à vida frente a qualquer
procedimento. Os exames são reveladores! Esteticista, tatuador, colocador de
piercing, cirurgião dentista e médico, só têm uma forma de se sentirem seguros
para fazer procedimentos: seguirem as três regras de ouro.
REFLEXÃO FINAL
Neste mundo de:
1. Superpopulação,
2. Prolongamento da vida por terapêuticas de longa duração,
3. Uso frequente de medicamentos e drogas, e
4. Comportamento de risco com dietas e nutrição
inadequadas, os profissionais da saúde não devem se arriscar em procedimentos
sem os prévios exames amplamente acessíveis na atualidade, como o hemograma
completo, glicemia, radiografias e tomografias.
Uma “fórmula mágica” pode ser a dos 4Ps na qual a soma da segurança do profissional (SP) mais o risco à vida do paciente (VP), deve ser maior que a soma da praticidade na vida (PV) com o imediatismo da pressa (PS) ou (SP+VP) > (PV+PS). Na área biomédica, coragem, imediatismo, bravata e rapidez não são virtudes, e sim comportamentos de risco!
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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