Fossetas pré-auriculares (A e A’), fossetas de Stieda (B), fossetas comissurais (C e C’) e as fossetas congênitas da porção mediana no lábio inferior (D) |
As fossetas de Stieda tem fundo cego e não produz secreções,
embora possa ter ductos de glândulas salivares menores que até drenam muco por
elas. Juntos com dois acadêmicos na época, Hélcio Campos Caixeta e Nilson Alves
de Carvalho, analisamos 350 pessoas que aleatoriamente chegavam ao serviço de
saúde onde trabalhávamos na Universidade, e encontramos uma frequência de 51,7%
dessas fossetas.
Em 10% destas 350 pessoas, encontramos fossetas comissurais
como pequenas depressões no canto da boca, só vistas quando abrimos a boca ao
sorrir, quando se expõe o canto da boca. São bilaterais, mas eventualmente
podem estar só de um lado. Raramente drenam saliva. Também encontramos algumas
pessoas que apresentavam fossetas discretas na região pré-auricular da pele,
geralmente bilaterais e secas.
Essas fossetas palatinas, comissurais e pré-auriculares nada
significam do ponto de vista clínico e só podem incomodar pela estética. Não
malignizam e não evoluem para outras situações. Não requerem tratamento, apenas
orientação, e por questões estéticas, podem ser retiradas.
E FOSSETAS NO LÁBIO INFERIOR?
Elas são menos frequentes, mas eventualmente encontramos
fossetas de até 1,5mm na região média do lábio inferior. Quase sempre são
bilaterais e tem alguns milímetros de diâmetro e profundidade. Os pacientes
nasceram com elas e na maioria dos casos saem discretamente saliva pelo local,
pois algumas glândulas drenam por elas. Ao redor dos orifícios, o tecido fica
levemente elevado pelas glândulas salivares que os rodeiam, deixando-as bem
evidentes.
Estas fossetas congênitas na parte média do lábio inferior
tem um grande significado clínico na vida destas pessoas, mas muitas nem sabem
disto, infelizmente. Elas representam um fortíssimo marcador de pessoas que ao
ter filhos, podem tê-los com fissuras labiais e ou palatinas, com risco 10
vezes maior do que os próprios portadores de fissuras. Estes pacientes têm
defeitos genéticos já identificados.
Quando o paciente tem fossetas de lábio inferior e também a
fissura labiopalatina, este quadro se chama Síndrome de Van der Woode, que é
hereditária dominante e se expressa muito intensamente na família comprometida.
Alguns membros destas famílias tem apenas as fossetas e, boa parte, tem só as
fissuras.
Pode ser muito importante para estas pessoas, sutilmente,
questionarmos se elas têm consciência do valor biológico, clinico, familiar e
pessoal daquela expressão clínica. Depois disto, o ideal será encaminharmos os
portadores para um Serviço de Atendimento de Pessoas com Fissuras Labiais e ou
Palatinas que existe em quase todos os estados do país! As fossetas médias no
lábio inferior serão removidas, voltando ao normal. A família será orientada quanto às futuras gerações
e, os portadores de fissuras labiopalatais tratados.
REFLEXÃO FINAL
Fossetas na linha média entre o palato duro e mole, nas comissuras labiais e na região pré-auricular não apresentam qualquer repercussão clínica, mas as fossetas congênitas no lábio inferior são marcadores biológicos de família comprometida com fissuras labiopalatinas em várias pessoas e em filhos que virão. Elas podem estar precisando de ajuda e orientação. Façamos nossa parte!
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
Um comentário:
MUITO OBRIGADA por seu
trabalho nesta orientação .
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