Presépio: Aparecida Gonçalves da Silva |
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
O meu condicionamento de Natal e ano-novo, duas festas grudadas, é escolar. Com 40 anos passados em escolas como professor (e outros 20 como aluno), essas duas festas não eram comemoradas nas escolas, mas era época de avaliação de um período ano letivo, início das férias.
Choro, reprovação, segunda época, sermão de pai e mãe, quando não, uma surra. Hoje esse processo está mais harmonizado, sereno, assim mesmo problemático para pais de alunos de aprendizagem lenta.
E férias! Início de dezembro, as coisas começavam aliviar. Até a reunião do conselho de classe e uma festinha de confraternização. Hora de comemorar, gastar o 13.o salário. Mas hoje essa bonificação é paga antes, diluída durante o ano, aquele dinheiro perdeu o seu sabor festivo. Como percebeu o leitor, sempre fui empregado.
Em casa, pobreza, pais formados pela vida, sem nunca deixar de cumprir suas obrigações, Natal-ano-novo era tempo de pão doce. A fornada feita por Dona Augusta, com aquela prole esfomeada, durava quando muito até o Dia de Reis.
Na minha época de criança, o Brasil era ainda católico, como é ainda seu calendário. Evangélico, por exemplo, era um bicho esquisito, diferente. Chegava a ser marginalizado.
O Brasil vai pegar fogo quando algum parlamentar ou presidente da República propuser a reorganização do calendário religioso, aqueles "dias santos" que constam do calendário civil. Neste quesito, até os crentes são um pouco católicos.
Estou aqui a recordar, caro leitor, mas sem saudosismo, não quero dizer como os velhos estagnados no tempo: naquele tempo era melhor. Naquele tempo era assim, agora é diferente. Simples!
O Natal e o ano-novo estão aí, na porta da casa com enfeite, eles chegam com as visitas dos filhos e dos netos. Passar alguns dias com os avós é uma delícia. Nem sempre, pois há velhos que se transformam em vinagre.
Vejo poucos presépios atualmente, espécie de encenação do nascimento de encenação iniciada por Francisco de Assis. Quando criança, participei de uma presepada ao vivo na capela do Asilo São Vicente, eu era um dos pastores. Não falei nada, eu era uma espécie de estátua viva.
Neste ano revi um presépio na casa de Dona Aparecida Gonçalves da Silva, que instala em sua casa desde os 17 anos de vida. Até acrescenta cenas bíblicas e os mistérios do terço. Tão simples como uma manjedoura.
Surpreendido com tal imagem , celebrei o Natal no modo católico na casa do poeta Valentim. Até me esqueci de escola.
9 comentários:
Feliz Natal , professor!
Boas festas Professor
Boas festas Professor
É bom demais rever o passado sem saudosismo !! Feliz Natal Hélio 💒🌲
Boa reflexão. Parabéns!
Excelente texto, obrigado por compartilhar!
Valeu teacher Corinthiano
Sem saudosismo, porém com muita Nostalgia! Texto bem legal!
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