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Crânio do Homo primitivo de Dmanisi na região da Geórgia na Eurásia, um dos mais primitivos e foi capa da Science em foto de M. Ponce de León und Ch. Zollikofer, UZH |
Os amigos que incluíram visitas a museus com exposições sobre a evolução da espécie humana ficaram decepcionados com os mais primitivos dos homens e seus dentes semelhantes aos de hoje.
No passado, eu aprendi e ensinei, que os humanos teriam uma
tendência de diminuir os dentes para um incisivo, canino, pré-molar e dois
molares em cada lado. Foi ensinado que tínhamos três incisivos, um canino, três
pré-molares e quatro molares, em arco dentário bem maior.
Isto seria pela alimentação obtida na natureza ter sido
transformada pela agricultura e industrialização, deixando-a mais fácil de ser
triturada. Seria uma forma de adaptação do corpo ao mundo atual, mas não é!
INSTABILIDADE
Em algumas populações chega-se a se ter mais da metade das
pessoas com alguma ausência dos terceiros molares, ou até mesmo dos quatro de
uma vez. A forma destes dentes tende a ser variável, incluindo seu tamanho.
Isto dá uma ideia que este dente estaria desaparecendo, mas não está. A posição
deles, são igualmente instáveis e induzem problemas em relação ao dente
vizinho, inflamações e cistos, sem contar algumas neoplasias benignas.
A ausência congênita de um ou alguns dentes se chama
anodontia parcial e é muito frequente, chegando-se afetar até 35% das pessoas,
sem contar as ausências dos terceiros. Nos europeus, os dentes mais ausentes
são os segundos pré-molares superiores e ou inferiores. Nos estadunidenses, o
incisivo lateral superior é o mais ausente, enquanto nos orientais é o incisivo
central inferior. No Brasil, a maior frequência está associada à origem da
colonização da região.
Nas famílias com anodontia parcial, alguns membros podem ter
os dentes que os outros tem ausentes, mas em formato conoide e tamanho
reduzido, pois o gene não atuou completamente.
EXTRANUMERÁRIOS
Para contribuir com esta “teoria da evolução dos dentes” têm
pessoas que se apresentam com muitos dentes extranumerários. Estes dentes a
mais, permitem sugerir hipóteses de que seriam manifestações de uma terceira
dentição que um dia os ancestrais teriam tido, mas nunca foram vistas. Algumas
pessoas têm um quarto molar, um em cada lado. Este dente a mais é chamado de
quarto molar de Bolk e pode ser indistinguível dos normais.
Depois de visitas aos museus que estudam e expõem espécimes
humanos mais primitivos, os que aprenderam e ensinaram que os dentes estão
diminuindo ficam com um sabor de decepção, pois até hoje eles têm a mesma
forma, tamanho e posição no homem atual.
Tem uma questão que intriga os cientistas que não conseguem
explicar. Qual seria a razão dos fósseis mais primitivos dos humanos
apresentarem-se quase sempre com os dentes bem alinhados em um arco bem
constituído?
REFLEXÕES FINAIS
Com base na ciência, não podemos dizer que o número de
dentes está diminuindo com o tempo, e nem que o tamanho dos dentes está se
reduzindo, pois está igual aos homens mais primitivos já encontrados. Não
existe qualquer evidência científica de que isto esteja acontecendo, apenas
teorias e conjecturas encantadoras não suportadas em evidências.
Nos humanos, apenas uma mutação no DNA ocorre a cada 100
anos para o corpo como um todo se adaptar ao mundo. Não deu tempo para mudar tão rapidamente os
dentes, ou seja, a dentição não sofreu alterações.
Alguém pode dizer que não acredita nisto, mas ressalta-se
que acreditar é coisa de religião e política. Em ciência, o que vale são os
fatos e os dados apresentados à comunidade científica da qual o Brasil faz
parte com suas revistas, dissertações, teses e universidades reconhecidas pelo
mundo.
O número de dentes humanos é 32, mas os problemas clínicos decorrentes da instabilidade numérica, morfológica e da posição dos terceiros molares, leva-nos afirmar que o ideal seria termos 28, mas isto não está sob nosso controle e vem desde os primórdios da civilização.
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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