Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Lá em casa, já não aguento mais escutar: velho não deve subir em escadas e nem cadeiras, é perigoso. Vida de velho não é fácil.
Mas um casal de velhos, Nélson José Ponzoni, 77 anos, piloto; e sua esposa psicóloga, Vivien Neide Bonafer Ponzoni, 74 anos; saiu do Aeroclube Aeroquadra para dar uma volta em seu aviãozinho particular, o quase teco-teco, o modelo experimental CT-U. Com essa idade não se dirige carro!
O seu Nélson tinha sido piloto de Boeing! Dar umas voltas com o teco-teco era um jeito de espairecer. Recordar os velhos tempos, tinha direito a tropelia. Parece história com final marcado, o destino ia ser cumprido.
Caíram, se esbagaçaram no chão. Isso foi em Quadra, um município perto de Tatuí-SP no último passeio de sábado, 15/02/2025. Até parece aquelas histórias românticas em que o casal era tão unido que combinou morrer junto.
Filme “Emília Perez”
Para quem ainda não sabe, o México foi tomado pela bandidagem. Os analistas políticos até dizem que o Brasil não pode se mexicanizar. Há 500 mil pessoas desaparecidas.
Um grupo de cineastas europeus, dirigido por Jacques Audiard, produziu um musical, o filme “Emília Perez”, que está disputando o Oscar. A protagonista do filme é a atriz espanhola trans Karla Sofía Gascón, que também protagoniza uma personagem trans, o traficante Manitas, posteriormente chamada Emília Perez.
O filme denuncia para o mundo a situação caótica em que vive o México, a violência, mas aproveitou o contexto para colocar também a transgeneridade nesse mundo já problemático.
Assim, com tanta coisa ruim, os mexicanos não querem saber do filme, pois dizem que está piorando a imagem do país, tanto é que não foi projetado em terras mexicanas.
Além disso, o espanhol usado pelos personagens no filme não é o mexicano. E o cenário do filme não é mexicano, mas os arredores de Paris.
A única artista com aparência mexicana é Zoe Saldaña, mas só fala inglês, mora há muito tempo nos Estados Unidos.
Assisti ao filme no cinema do Shopping Center Praça Nova, Araçatuba, acompanhado pela Fátima.
Trata-se de um filme tão agitado que não há tempo para piscar. Nem a Fátima que dorme em filmes, teve tempo para isso.
Independente da briga mexicana, sobrando arranhões para “Ainda estou aqui” na disputa pelo Oscar para o Brasil, vale a pena ver o filme, que explora a crise de identidade entre pessoas sexualmente transgênicas.
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