COMO A OBRA SE APRESENTA
A narrativa não tem capítulos, mas 203 fragmentos. Em linhas gerais, pode-se dizer que é um livro de memórias dividido em 11 partes agrupadas em três. Nelas, é possível encontrar de tudo um pouco: personagens que aparecem e desaparecem sem explicação alguma, narração em primeira e em terceira pessoa, cartas, diário de viagem, anotações íntimas, textos teatrais, poemas curtos, abaixo-assinados e um dicionário de bolso que vai até a letra L....
Serafim Ponte Grande defende os mesmos conceitos do escritor paulistano: obediência aos impulsos carnais, por mais inconvenientes que possam parecer para a sociedade, numa postura que combate todo tipo de repressão judaico-cristã... (Oscar D'Ambrósio - Educação UOL)
Gosto da porra-louquice de Oswald de Andrade (1890-1954), que não era irmão de Mário de Andrade-(1993-1945) - aliás, eles tinham personalidades opostas- no princípio da Semana da Arte Moderna de São Paulo, nem se conheciam.
Depois de ouvir a palestra dada pelo presidente da Academia Araçatubense de Letras Carlos Eduardo Brefore Pinheiro sobre a obra Pau Brasil, do mesmo autor, a uma plateia de escritores, não sobrou muito o que dizer nesta crônica, mas como os leitores não ouviram, caso eu repita alguma coisa que ele disse, nem vão desconfiar.
Serafim Ponte Grande, publicado 1933 (olha, publicar naquela época em São Paulo era imprimir 100 exemplares). Segunda edição em 1971. É um livro tão doido como o autor. Arrumou muita confusão, toda crítica indireta em seu livro tinha um endereço. Oswald de Andrade se isolou ainda mais dos literatos paulistanos.
Essa mistura de gênero no livro deixa-o confuso ao leitor não iniciado em estudos literários. Na década 80, quando fui colaborador do Jornal A Comarca, Ubirajara Lemos (Odorindo Perenha), editor do matutino, rejeitou um de meus textos dizendo que os leitores não iam entendê-lo, pois Araçatuba era muito provinciana.
Quando José Celso Martinez Corrêa, em 1967, encenou a peça de Oswald de Andrade "O rei da vela" e o Tropicalismo se inspirou na rebeldia do escritor, o escritor sai do ostracismo, sendo seus livros indicados em exames vestibulares.
Era um filhinho de papai intelectualizado, vivia em viagens para a Europa, tinha a mulher que queria na cama que escolhia, terminou pobre, pois sua família perdeu tudo com a crise de 1929. Tratava a vida a pontapé.
O livro Serafim Ponte Grande revelava a corrupção que a situação de hipocrisia em que vivia a sociedade paulistana. A cidade de São Paulo tinha pouco mais de 500 mil habitantes.
Como Oswald de Andrade tratava os direitos autorais: “Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas — S. Paulo — 1933.” É o que estava escrito na folha de rosto do Serafim.
A obra era renegada e repudiada por ele e pela alta sociedade da época. A população pobre nem sabia o que estava acontecendo, pois a maioria era analfabeta.
Obras Completas de Oswald de Andrade
1. Os CONDENADOS (Alma/ A Estrela de Absinto/ A Escada) — Romances.
2. MEMÓRIASSENTIMENTAIS DEJOÃOMIRAMAR/ SERAFIMPONTEGRANDE— Romances.
3. MARCOZERO: I — A Revolução Melancólica — Romance.
4. MARCOZERO: II — Chão — Romance.
5. PONTA DELANÇA— Polêmica.
6. Do PAU-BRASIL À ANTROPOFAGIA E ÀS UTOPIAS (Manifesto da Poesia Pau-Brasil/ Manifesto Antropófago/ Meu Testamento/ A Arcádia e a Inconfidência/ A Crise da Filosofia Messiânica/ Um Aspecto Antropofágico da Cultura Brasileira: O Homem Cordial/ A Marcha das Utopias) —Manifestos, teses de concursos e ensaios.
7. POESIASREUNIDAS.O. ANDRADE (Pau-Brasil/ Caderno do Aluno de Posia/ O Santeiro do Mangue e outras) — Poesias.
8. TEATRO(A Morta/ O Rei da Vela/ O Homem e o Cavalo) — Teatro.
9. UMHOMEM SEMPROFISSÃO: Sob as Ordens de Mamãe — Memórias e Confissões.
10. TELEFONEMAS - Crônicas e polêmica
11. ESPARSOS
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