Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Há gente que sonha com a paz, lobo e cordeiro passeando juntos. Essa paz nunca vai acontecer, porque o mundo foi construído em cima do contraditório. Não é paz de cemitério. Em vez disso, propõe-se uma abordagem democrática e centrada nos direitos dos cidadãos.
A nossa falta de paz chegou com Pedro Álvares Cabral, construindo as injustiça. Nem podemos dizer que os povos originais eram mais pacíficos, porque eram também humanos. Podemos enaltecer neles o respeito pela natureza.
Às vezes, ouço jornalistas perguntarem para personalidades quando o Brasil será pacificado. Aqui, nem no mundo, houve paz algum dia. O que há é um grupo dominando o outro, e este não tendo força para reagir. Isso não é paz. E as guerras se tornam mais ferozes.
Deus tentou organizar aqui o paraíso, mas não conseguiu, surgiu a serpente. Ele nos abandonou à própria sorte. Não desanimou, mandou Jesus Cristo, foi crucificado como bandido e até hoje ninguém entendeu a mensagem.
Aquela união total não aconteceu, houve mesmo divisão de todos os naipes. Dividimos a Terra em nacionalidades, surgiram as propriedades com as cercas. As guerras pipocaram.
Escravidão, gente com muito e gente com nada, esquerda e direita, progressistas e atrasados. De repente, numa parte do planeta que se chama Brasil, 1964, a direita pôs a esquerda de joelhos. Agora, a esquerda quer fazer o mesmo com a direita.
Na barafunda de 1964, surgiu um cantor, Geraldo Vandré, interpretando a dor da esquerda e compôs a música Aroeira que dizia que haveria um dia:" É a volta do cipó de aroeira/ No lombo de quem mandou dar".
Os militares fizeram uma arruaça, promulgaram o AI-5 e riam da música em 1969. E não é que o cipó está voltando nas costas de Jair Bolsonaro e alguns generais 40 anos depois? A valentia acabou.
Deram o cipó nas mãos de Alexandre Morais e seus companheiros que estão fazendo vergão nas costas do golpistas, que quer o povo longe de seus direitos.Mas não torturamos e nem assassinamos ninguém.
Como a direita dizia que Geraldo Vandré cantasse flor, amor, músicas mais suaves, ele respondeu com "Para dizer que não falei das flores". Confira a letra e a música.
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