Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
2.10.25
Tilim e seu irmão
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
25.9.25
Conversa sobre a leitura do livro APENAS UM CURUMIM
Eu li o livro, gostei muito, quero dividir com você minhas impressões, minha avaliação no dia 02 de outubro de 2025, quinta-feira,19h30, na sede da Academia Araçatubense de Letras. O livro tem 45 páginas, bem ilustrado. Pode ser encontrado em biblioteca, sebo e livraria. Dá para ser lido num dia. A nossa atividade será grátis, sem custo. Conto com sua presença.
Orelha de APENAS UM CURUMIMJAKZAM KAISER*
O livro Apenas um Curumim, hoje um clássico do gênero,
faz parte da história da literatura infanto-juvenil brasileira.
À exceção obra de Monteiro Lobato, os livros publicados no
Brasil até os anos 60 do século passado – destinados às crianças – em sua quase
totalidade, tinha o objetivo de “educar” os pequenos, recheando suas páginas
com mensagens de “lições de moral e bons costumes”.
Nos anos 70, a literatura infanto-juvenil brasileira é
enriquecida com o lançamento de diversos textos de indiscutível qualidade
literária. Estes novos autores, ao invés de se apresentarem como “donos da
verdade”, provocavam questionamentos, reflexões e, acima de tudo, estimulavam o
prazer de leitura. Temas até então tabus, como sexo e morte, passaram a ser assunto
de livros infanto-juvenis.
Os livros de Werner Zotz situam-se nesse contexto. A
primeira edição de Apenas um Curumim foi publicada em 1979 e teve
sucessivas reedições, encantando gerações de leitores – de todas as idades –
nos últimos 25 anos.
Apenas um Curumim é
ao mesmo tempo bonito e triste. Uma história densa e profunda sobre como o índio
foi enganado pelo branco. De como o índio foi ficando com a vergonha de ser
índio e passou a trabalhar para o branco. E, querendo ser como o branco, aos
poucos foi esquecendo como ser índio, começou a morrer. No livro, um velho
pajé, que ainda lembra como era ser índio, retoma para a aldeia como um menino – um curumim –
que tem vergonha de ser índio, é triste e medroso, sem lembranças sobre a
alegria, sobre a altivez e a liberdade em que vivia seu povo. Durante a
jornada, o curumim se reencontra, descobre os segredos da floresta e aprende a
ouvir sua voz interior. E volta a ser índio.
Como escreveu a crítica Fanny Abramovich, em 1979, no
lançamento do livro, “Apenas um Curumim é uma história muito humana (na relação
entre um menino e um velho), sem medo de colocar coisas vitais e fundamentais.
Uma história brasileira (porque de índios brasileiros), mas universal (porque
de tentativo de extermínio de um povo, de uma fé, de uma forma de crer e estar
no mundo). Uma linda história importante, linda de ler, fundamental de saber e comovente
de ouvir”.
*Jarzam Kaiser, jornalista e professor universitário
23.9.25
Os poetas foram, mas os versos ficaram na praça
Não sou nenhuma autoridade municipal de Araçatuba-SP, mas
continuo com a mania de, quando visito outra cidade, ficar vendo as boas
iniciativas.
Não dá para comparar São Luís do Maranhão com Araçatuba. A
primeira é capital de estado, mais de milhão de habitantes, mas nas pequenas
coisas há alguma semelhança. A Atenas brasileira, assim é chamada pelos
ludovicenses, porque a arte e a literatura vicejam por lá, pois Gonçalves Dias,
Ferreira Gullar, Aloísio de Azevedo, José Sarnei, Zeca Baleiro são de lá. Por
isso há a praça dos poetas. Araçatuba também tem seus poetinhas.
Pôr o que numa praça dos poetas? Bancos em forma de livros
semiabertos, bustos, estátuas, placas de metal com textos, ponto de leitura com
livros de escritores araçatubenses. E se a praça comportar, uma cantina.
A sede da Academia Araçatubense de Letras funciona na Vila
Ferroviária. Há um triângulo abandonado, a praça do Relógio e outros espaços no
bulevar. Mas se todos esses espaços estiverem ocupados no planejamento
arquitetônico, aceitamos outra praça, como a Independência (rua Marcílio Dias)
que está bem largada.
A prefeitura pode chamar a AAL, editoras, escolas, convocar o Conselho Municipal de Políticas Culturais, vereadores, engenheiros, arquitetos, comunidade em geral para assoprarem sugestões e ratearem parte do custo da obra.
Assim, fica a sugestão dessa praça temática a todas as cidades em que esta crônica chegar: a Praça dos Poetas.18.9.25
SESC BIRIGUI: Semana Move agita a juventude
Sesc
Birigui recebe a 13ª edição da Semana Move de dicada à "Geração Movimento"
Semana Move chega em 2025 à sua 13ª edição. Entre os dias 22 e 28 de setembro a campanha oferecerá ao público, de todas as faixas etárias, nas 43 unidades do Sesc no estado de São Paulo e em instituições parceiras. A campanha é plural e acessível para todas as idades, mas para chamar a atenção ao alto índice de inatividade nesta parcela da população, a campanha traz como tema, nesta edição, “Geração Movimento”, reforçando o convite sobretudo para as gerações Z e Alpha.
O evento é uma iniciativa da ISCA (International Sport and Culture Association), coordenado pelo Sesc São Paulo no continente americano, com apoio institucional da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). No Brasil, o sedentarismo e a inatividade física são dados relevantes. Segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 47% dos adultos não praticam atividade física regularmente e, entre os jovens, o índice alcança 84%. A ideia é engajar especialmente os jovens e motivá-los a redescobrir o prazer de se mover de forma inclusiva e acessível.
Para Luiz Deoclécio Massaro Galina, Diretor do Sesc São Paulo, “a Semana Move se consolida a cada edição ao ampliar sua rede de parcerias, criando oportunidades para que mais pessoas tenham acesso às atividades físico-esportivas de forma continuada. Ao envolver instituições públicas, privadas e a sociedade civil em uma mobilização coletiva, reafirmamos o compromisso do Sesc com a promoção de um estilo de vida ativo e responsável. ‘Geração Movimento’ simboliza essa interconexão entre saberes do passado, do presente e para o futuro, incentivando a adoção de hábitos saudáveis que extrapolam os limites do evento e, idealmente, são incorporados ao cotidiano das pessoas”.
Em Birigui, o destaque da Semana Move 2025 é a presença da ex-levantadora da seleção brasileira de vôlei, Carol Albuquerque, em uma atividade que promove vivências práticas e interativas com o público. Além de outras 9 atividades entre oficinas, vivências, aulas abertas, festival, bate-papos e torneio, realizadas em diferentes espaços da unidade. Confira a programação completa.
A aula convida o público a se conectar com a
música e o movimento, explorando diferentes ritmos para estimular o
condicionamento físico de forma dinâmica. Por meio da dança, os participantes
melhoram a coordenação e a resistência. Durante o mês de setembro, a atividade
passa a ocorrer também às quintas-feiras, em diálogo com a campanha Semana
Move, que neste ano destaca o protagonismo da juventude na construção de uma
cultura do movimento.
Treino de Corrida noturna
Maratona de aulas GMF
Parte do Programa GMF, a aula convida o público a
participar de quatro blocos de aula em sequência: ritmos, condicionamento
físico, jump e mobilidade e flexibilidade.
Dias 7 a 19/9.
Vivências
A vivência oferece uma experiência prática de
natação que simula as condições de águas abertas. Com orientação técnica
especializada, os participantes desenvolvem estratégias de adaptação ao nado
contínuo, controle de respiração, navegação por pontos de referência e
resistência em percursos mais longos. A atividade também aborda práticas de
segurança, posicionamento em grupo e uso de equipamentos, aprimorando
habilidades para desafios em ambientes naturais.
Alexandre Strauch é professor de Educação Física
e atua como coordenador e professor no Esporte Clube Pinheiros. Com ampla
experiência em provas de águas abertas, organiza e participa de eventos da
modalidade, além de realizar atividades semelhantes em diversas unidades do
Sesc.
A Semana Move inclui a vivência "Jogando com
Carol Albuquerque", uma oportunidade de aprendizado e inspiração para
praticantes e entusiastas do voleibol. Carol Albuquerque, ex-levantadora da
Seleção Brasileira, compartilha sua vasta experiência em aulas práticas. As
sessões exploram fundamentos técnicos, estratégias de jogo e o valor do
trabalho em equipe.
Carol Albuquerque, nascida em Porto Alegre em
1977, iniciou sua carreira no voleibol aos 17 anos. Conquistou títulos
nacionais e internacionais, incluindo a medalha de ouro olímpica em 2008. Atuou
em clubes como Osasco e PAOK, da Grécia, destacando-se pela técnica e
liderança. Após se aposentar, segue atuando no esporte, compartilhando suas
experiências e contribuindo para o desenvolvimento do voleibol.
Festival
Torneio
Para Carol Seixas, Gerente de Desenvolvimento Físico-esportivo
do Sesc São Paulo, destaca que “a Semana Move representa um convite aberto para
que pessoas de todas as idades e contextos sociais descubram ou redescubram o
prazer de se movimentar. Com uma rede de parceiros engajados em toda a América
Latina, buscamos incentivar as diversas práticas esportivas, bem como reforçar
a importância da atividade física para a saúde mental, o bem-estar social e a
qualidade de vida. O slogan ‘Geração Movimento’ reflete esse compromisso de
conectar as novas gerações ao esporte e à atividade física, promovendo
experiências acessíveis, inclusivas e transformadoras.”
17.9.25
É a volta do cipó de aroeira
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Há gente que sonha com a paz, lobo e cordeiro passeando juntos. Essa paz nunca vai acontecer, porque o mundo foi construído em cima do contraditório. Não é paz de cemitério. Em vez disso, propõe-se uma abordagem democrática e centrada nos direitos dos cidadãos.
A nossa falta de paz chegou com Pedro Álvares Cabral, construindo as injustiça. Nem podemos dizer que os povos originais eram mais pacíficos, porque eram também humanos. Podemos enaltecer neles o respeito pela natureza.
Às vezes, ouço jornalistas perguntarem para personalidades quando o Brasil será pacificado. Aqui, nem no mundo, houve paz algum dia. O que há é um grupo dominando o outro, e este não tendo força para reagir. Isso não é paz. E as guerras se tornam mais ferozes.
Deus tentou organizar aqui o paraíso, mas não conseguiu, surgiu a serpente. Ele nos abandonou à própria sorte. Não desanimou, mandou Jesus Cristo, foi crucificado como bandido e até hoje ninguém entendeu a mensagem.
Aquela união total não aconteceu, houve mesmo divisão de todos os naipes. Dividimos a Terra em nacionalidades, surgiram as propriedades com as cercas. As guerras pipocaram.
Escravidão, gente com muito e gente com nada, esquerda e direita, progressistas e atrasados. De repente, numa parte do planeta que se chama Brasil, 1964, a direita pôs a esquerda de joelhos. Agora, a esquerda quer fazer o mesmo com a direita.
Na barafunda de 1964, surgiu um cantor, Geraldo Vandré, interpretando a dor da esquerda e compôs a música Aroeira que dizia que haveria um dia:" É a volta do cipó de aroeira/ No lombo de quem mandou dar".
Os militares fizeram uma arruaça, promulgaram o AI-5 e riam da música em 1969. E não é que o cipó está voltando nas costas de Jair Bolsonaro e alguns generais 40 anos depois? A valentia acabou.
Deram o cipó nas mãos de Alexandre Morais e seus companheiros que estão fazendo vergão nas costas do golpistas, que quer o povo longe de seus direitos.Mas não torturamos e nem assassinamos ninguém.
Como a direita dizia que Geraldo Vandré cantasse flor, amor, músicas mais suaves, ele respondeu com "Para dizer que não falei das flores". Confira a letra e a música.
Restinga de Canudos - três horas de espetáculo
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Quinta-feira, 18/9/2025, 19h, teatro do SESC Birigui |
Restinga de Canudos
"Restinga de Canudos" não é uma restinga geográfica, mas sim o nome de uma peça teatral. O espetáculo, criado e encenado pela Cia do Tijolo, revisita a história da Guerra de Canudos de uma perspectiva diferente da narrativa histórica tradicional, que foi marcada pela visão de Euclides da Cunha em seu livro Os Sertões.
- Conceito: O título "Restinga de Canudos" evoca a ideia das ruínas de Canudos, que ficaram submersas sob as águas da Represa de Cocorobó. O espetáculo "mergulha" nessas águas para resgatar as histórias de vida da comunidade, dando voz às pessoas comuns, em vez de focar apenas no massacre e em Antônio Conselheiro.
- Narrativa: A história é contada através dos olhos de personagens como duas professoras, que ajudam a reconstruir a memória de uma comunidade que era forte, próspera e vitoriosa na invenção de suas próprias formas de existência. A peça ilumina o cotidiano e o papel da educação popular como força transformadora.
- Mensagem: O espetáculo oferece uma leitura de Canudos como uma comunidade de resistência, esperança e luta. A Cia do Tijolo tem como característica revisitar figuras e eventos da história brasileira para resgatar a perspectiva dos "esquecidos".
Para entender o pano de fundo do espetáculo, é importante conhecer a história da Guerra de Canudos, um conflito histórico ocorrido no sertão da Bahia.
- Contexto: No final do século XIX, milhares de sertanejos, fugindo da miséria e da seca, se uniram em torno de Antônio Conselheiro, um líder religioso carismático. Eles fundaram o arraial de Canudos, uma comunidade autossustentável onde as terras e os bens eram compartilhados.
- Conflito: A República recém-proclamada e os poderosos fazendeiros locais viram na comunidade uma ameaça e espalharam rumores de que Canudos queria restaurar a monarquia.
- Desfecho: O governo enviou quatro expedições militares para destruir o arraial. As tropas da República massacraram a população, resultando em um dos episódios mais trágicos da história do Brasil. A peça teatral se apropria dessa história para oferecer uma nova leitura sobre o tema.