AGENDA CULTURAL

7.10.06

Tranqueira no pó de café


Hélio Consolaro

Em 11 de julho deste ano, publiquei "Café bom e barato. Existe?". Pode ser barato, mas com precinho de R$ 1,99, impossível ser bom. O Simão, do Café Catumbi, de Andradina, gostou tanto daquela crônica que me telefonou, dando os parabéns.

Nela, alertei que o consumidor de Araçatuba e região anda tomando palha de café com melado, parecido com ração de cachorro. Um pouquinho de café para dar o gosto, o restante é tranqueira.

Na hora de coar, da água bem quente, fica bebível, pois a alta temperatura não deixa o consumidor sentir o gosto. Depois de meia hora na garrafa térmica, nem o cão consegue tomar o líquido, de tão ruim.

Então, cara copeira ou dona de casa, às vezes, estão dizendo que você fazia um café tão bom, mas agora não acerta uma. Na verdade, não estão sabendo comprar o pó, estão trazendo borra em vez de café.

Há uma quadrilha mineira, seus componentes não podem ser classificados de empresários, que vendem "peletizado de palha melosa" (veja foto) às torrefações para que aumentem seus lucros, por isso é acrescentado ao café na hora da moagem.

Essa porção de peletizado da foto foi fornecida pelo José Lourenço Durão, Café Roceiro, que expulsou o vendedor de sua torrefação. Esses falsos grãos é a palha industrializada do café. É a malandragem em escala industrial.

Mas a coisa está pegando, caro leitor. A empresa Torrefação e Moagem de Café Nossa Senhora de Fátima, do município de Santa Izabel do Pará, foi condenada a pagar indenização de R$ 256 mil por vender palha de milho misturada ao pó de café. Uma empresa com nome de santa fazendo essas falcatruas.

Exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz em amostras do produto confirmaram que o café Nossa Senhora de Fátima, que de santo não tem nada, possuía 95% de palha de milho e apenas 5% de café. A indenização será paga aos consumidores que se sentiram lesados pela empresa.

E continuo dizendo: dizem por aí que falta ética na política. Há muita gente sentando em cima do rabo e apontando defeitos alheios.

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