AGENDA CULTURAL

20.12.09

Sumiu a árvore de Natal


Hélio Consolaro


Dona Adélia depois do almoço da tribo foi ao despejo da casa, o cômodo da bagunça, procurar a árvore de Natal do ano passado. Assim, o adereço natalino seria montada coletivamente. Ela achou os enfeites, as bolas, tudo, menos a árvore.
Desceu toda a prateleira. Revirou caixas, desembrulhou pacotes. E a árvore não apareceu. Sem mais onde procurar, ela comunicou o fato à família:
- Gente, a árvore de Natal sumiu!
Improvisou-se uma assembléia familiar. Foi desolador. Filhos, netos, convidados, todos gritaram:
- Natal sem árvore?!
Como foi. Como não foi. Dona Adélia pôs ali, guardou direitinho aqui. Não sabia como isso pôde acontecer. Até que se perguntaram:
- Quem fez a última limpeza no quarto da bagunça?
E responderam:
- Ivanilda!
A ex-empregada pagou o pato. Como era bom ter empregada! Nunca imaginou que aquilo, um monte de plástico, fosse árvore de Natal. Botou tudo no lixo.
Seu Inácio, o pai de todos, gritou:
- Não vou comprar outra árvore de Natal. Fechei as torneiras. Comprar é verbo que não se conjuga nesta casa!
Os membros da família que tinham renda ou salário, não se prontificaram a comprar a árvore substituta. Silêncio e tristeza geral. Natal sem árvore. Ia ser muito chato. Até que Reinaldo, o netinho mais novo de Dona Adélia, saiu do cômodo da bagunça com a imagem de Menino Jesus nas mãos, de um antigo presépio, e balbuciou:
- Usa esse, vó!

Um comentário:

Patrícia Bracale disse...

Estou num dilema com meu marido.
Ele acha que devemos comprar uma arvore de natal nova.
Nossa isso pra mim soa como um crime, tenho minha arvore de família que deve ser mais velha que eu, todo ano renovo os enfeites.
Me irrita esse negocio de "novo". Tem tradições que devem ser respeitadas.