AGENDA CULTURAL

15.11.10

Por que Araçatuba parou?

Hélio Consolaro*

Há alguns anos, mais de década, a população de Araçatuba reclama o porquê do atraso da cidade em termos de investimentos públicos municipais. Sai prefeito, entra prefeito e a paradeira é geral.

Os prédios da municipalidade estão quase todos depauperados, não há grandiosidade em nada. O paço municipal, por exemplo, é tímido e acanhado, nós, araçatubenses, temos vergonha de mostrá-lo ao visitante. Não há um prédio pomposo, grandioso que nele funcione alguma coisa da prefeitura.

Não temos um teatro municipal amplo, um grande espaço para convenções à altura de Araçatuba, nem parque para que se faça caminhadas. Temos um mercado municipal caindo aos pedaços, um arcabouço de hospital como cartão de visita, uma rodoviária malcheirosa.  


Por outro lado, visitando algumas cidades do porte de Araçatuba, seus moradores nos invejam porque conseguimos retirar os trilhos do centro da cidade. Mas isso teve um custo medonho, que comprometeu várias administrações.


As autoridades municipais, eleitas pelo povo, fizeram a obra sem auxílio do Estado de São Paulo, nem da União. Apenas com recursos do município. Até hoje, Araçatuba paga a conta.  


Não quero julgar se foi acerto ou erro, mas em nosso nome, optaram por mudar a cidade neste aspecto, sem ter condições para tal. Como do couro sai a correia, os prefeitos que vieram depois pagaram o preço político do desgaste, porque não sobrou dinheiro para investimento, apenas para pagar dívidas.


A partir de 2001, entrou em vigência a Lei de Responsabilidade Fiscal. O primeiro prefeito que assumiu sob a sua égide foi Maluly Neto. De lá por diante, nenhum prefeito pode deixar obra sem terminar e nem empréstimo para o outro pagar. Ótima lei, porque o político esperto desonesto fazia muito, deixava uma enorme dívida para seus sucessores, como aconteceu com a mudança dos trilhos.   


Se a Lei de Responsabilidade Fiscal estivesse em vigor na época da mudança dos trilhos, a obra não teria saído. Em 2008, a Prefeitura de Araçatuba terminou de pagar umdos empréstimos, mas ainda resta pagar as desapropriações feitas para que houvesse novo traçado.


Restaram-nos os prédios antigos da estrada de ferro, dos quais temos a posse, mas não o domínio, mas eles trazem poucos benefícios. Além de mudar o traçado, reconstruir a estação ferroviária e a vila dos ferroviários, tivemos que construir a avenida no lugar dos trilhos para que a cidade ganhasse mais urbanidade. Haja dinheiro...


Não pretendemos justificar neste espaço erros administrativos de qualquer prefeito, apenas dizer que dinheiro não cai do céu. Na empresa e na família, enquanto se paga uma dívida, quase nada se compra ou se faz de novo. Araçatuba, como município, está na mesma situação. Nosso nível de endividamento é tamanho que não conseguimos nem o empréstimo de R$ 3 milhões do BNDS recentemente.    

*Hélio Consolaro é secretário da Cultura de Araçatuba.

2 comentários:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

Palmeiras 2008....viver do passado é uma desgraça.Não se agrada a gregos e troianos. Nós, os Gregos aqui do outro lado da linha - leia-se bairro Santana e vizinhos damos graças pela retirada daquele entulho que infernizava a nossa vida.

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

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Senão vejamor: " Com a retirada dos trilhos - que cortavam Araçatuba e a dividiam em passado e presente - a cidade ganhou em modernidade de cidadania " Assim disse, não Zaratrusta, mas Cecília Vidigal ferreira.