AGENDA CULTURAL

4.9.11

A ELABORAÇÃO. Obra de MAGGIAR VILLAR DE CASANOVA


O romance. A Elaboração, do escritor paranaense, Maggiar Villar de Casanova marca uma nova estética na literatura brasileira deste começo de século e milênio. Em 1902 dois livros. Os Sertões de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha, marcaram o início de uma tendência literária que revolucionaria a história da literatura brasileira, abrindo caminho para o modernismo brasileiro que aconteceria 1922. O mesmo acontece agora com o livro A Elaboração que deixa suas marcas de pós-contemporaneidade.

“O amor não precisa de palavras para ser demonstrado. Ele nasce e fica no brilho do olhar, de qualquer um, de qualquer pessoa, quando se está apaixonado”. Com uma linguagem arrojada e livre, o romance do escritor paranaense converge para esse universo capaz de traduzir pensamento e imaginação, sem esquecer aspectos lúdicos da linguagem universal. O autor trabalha com jogos de palavras e labirintos, onde o autor e leitor aparecem enquanto criadores e decifradores. O primeiro é capaz de decifrar a natureza e vivificar a linguagem. O segundo interpreta o momento de criação do escritor e completa o circuito da narrativa entrando junto com o autor no labirinto imaginário, no melhor estilo Borgeniano fantástico.

Maggiar Villar de Casanova acaba de criar uma nova literatura que foi perseguida por um de seus mestres, o italiano Ítalo Calvino. A multiplicidade de vozes, o diálogo constate dos personagens e as preocupações metafísicas que os envolvem; a leveza da obra; a exatidão; a visibilidade; a rapidez e consistências fazem de A Elaboração um romance que questiona os valores da sociedade e, ao mesmo tempo, apresenta um universo de possibilidades concretas: a valorização do amor, a preocupação com a natureza representa através da ONG “Os Amigos da Onça Pintada” o olhar atento à paisagem do campo, com seus trigais dourados, a natureza do pantanal, entre outros. Cumpre ressaltar a ironia e o humor com que JK (personagem principal), e demais personagens encaram a vida. A função do romancista é formular ficcionalmente o mitologema de sua época. A obra de Maggiar Villar de Casanova tem essa preocupação.

JK recebe uma senha do mendigo-filósofo, que conhecera na Praça da Sé, e que quase todas as tardes costuma sentar-se no banco da praça – JK em uma ponta, o mendigo na outra – para ouvir cinco minutos de sinfonia barroca, no coração da Paulicéia Desvairada, de Paulo de Andrade. Paralelamente, a narrativa se desenvolve no espaço da cidade grande – São Paulo – e do interior, com seus campos de trigo dourados, onde vive o Artista da palavra. Para comprovar se “O crime perfeito não deixa vestígios” no dizer de Mário Quintana só mesmo mergulhar na história de A Elaboração e junto com o narrador decifrar os enigmas que envolvem este romance criativo, no qual o autor constrói uma visão de mundo multifacetada e envolvente. Assim, só falto o leitor mergulhar no suspense de uma narrativa apaixonante, sutil e, ao mesmo tempo, irresistível.

(Os Editores. MVTVCOM)

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