O
cético não vive, desconfia. Não participa, espia. Não faz, assiste. Affonso
Romano de Sant’Anna
Hélio Consolaro*
Caro
leitor, este tema do ceticismo diante do mundo é recorrente nas letras deste
cronista. Para quem está na quinta dentição (implantes), não há perspectiva da
sexta, e o mundo vai ficando repetitivo. Aos se entende a necessidade da morte.
Já
descobrique o mundo não vai ser do jeito que eu quero. Ainda bem! Ele tem uma
dinâmica própria e vive bem quem descobre isso. Não ter ideias é uma delícia,
navegar conforme as oportunidades é dar leveza à vida . Quem é cheio de ideias se
torna ranzinza, mandão, gosta de impô-las aos outros. A maturidade me ensinou
isso. Enfim, não sou tão burro.
Outro
dia alguém arregalou os olhos quando eu disse que não era idealista e não
gostava de que me classificasse como tal. Expliquei-lhe que Stalin, Getúlio
Vargas, Hitler, Mussolini, Peron eram todos idealistas, não gostaria de tê-los
como companhia.
-
Por que você faz tanto pela cultura de Araçatuba. Qual força que move você?
Ao
encontro do escritor Affonso Romano de Sant’anna, respondi-lhe que não faço
quase nada, resplandeço porque meus antecessores foram muito ruins e não
tiveram, como tenho, um prefeito comprometido com a cultura. E agito bastante
porque sou hiperativo, preciso liberar minhas energias.
Então,
caro leitor. Esse negócio de mudar o mundo é demagogia filosófica, discurso de
jovens que notaram a incoerência dos adultos, mas descobrirão, como nós, idosos
de hoje, que a autenticidade dói muito. A convivência pacífica exige certa dose
de hipocrisia e paciência.
Não
sei, caro leitor, qual é meu rótulo dentro na filosofia,
mas também não estou preocupado com isso, porque o cronista é assim mesmo. Como
já escreveu Machado de Assis, o cronista sobrevoa todos os assuntos e como um
beija-flor num jardim, beberica o mel de todas as flores.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura
de Araçatuba-SP
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