AGENDA CULTURAL

28.9.06

Escolas na TPM

Hélio Consolaro


Donos e mantenedoras de escolas estão à beira de um ataque de nervos, pois outubro e novembro é período de pré-matrículas, garantir alunos para 2007. Há até quem faça piada, dizendo que elas estão na TPM – tensão pré-matrícula.

- Mais matrículas!

- Não podemos perder alunos!

Não estou falando apenas de escolas dos ensinos fundamental e médio, mas também das faculdades. Há instituições correndo atrás dos estudantes mais pobres, providenciando tudo pelo Prouni, como forma de aumentar a quantidade de alunos. O vestibular é pró-forma em certos cursos.

A concorrência no meio universitário está tão acirrada que há gente derrubando a barraca do outro, como aconteceu recentemente na av. Brasília, usando vândalos qualificados.

Nas escolas de crianças e jovens, por exemplo, os professores entram em paranóia. Cada um sai com um laço pelas ruas da cidade, parece uma festa de rodeio para ver quem traz mais alunos para a escola.

A luta de professores e mantenedoras é inglória, pois o poder aquisitivo da maioria só aumentou para comprar eletrodomésticos nas Casas Bahia em suaves prestações, portanto, a escola pública não é uma lagoa de pesca promissora.

Dessa forma, as escolas se comportam como igrejas que buscam roubar fiéis de outras igrejas, em vez de conquistar os que declaram a religião apenas no preenchimento de formulários.

Como a oferta é maior que a procura, os pais nadam de braçada, pechincham, mandam nas escolas, só falta escolher o corpo docente.

Há critérios mais sensatos de como escolher a melhor escola para os filhos e participar dela construtivamente.
Exemplo, na educação infantil:
• Nessa fase do ensino, o espaço físico tem peso maior. A escola deve ter espaços lúdicos, com atividades que permitam à criança estar em movimento.
• Brinquedotecas e salas de livros são essenciais, numa fase em que brincar tem maior importância...
Para completar o perfil ideal da escola de seu filho em qualquer nível, visite o site:
http://www.mundomulher.com.br/mostra.asp?cod=3291
As escolas públicas também estão perdendo clientela. Não se repetem mais alunos, por isso cada faixa etária está na sua série, terminando a 8.ª série aos 14 anos e o 3.ª série do ensino médio aos 17.

Devido a isso, ensino fundamental no período noturno em escola pública quase não existe, muito pouco. E os pobres pararam de produzir filhos em série, por isso há uma queda vertiginosa de classes.

E há ainda um complicador. As famílias pararam de fabricar crianças. O país de jovens está se transformando num Brasil de velhos, que só querem passear, estudar mesmo, apenas alguns malucos.



Um comentário:

elzafraga disse...

Olá, Hélio.
Muito bom este seu artigo.
Realmente o ensino está perdendo
qualidade e "público".
E as escolas viraram um comércio como outro qualquer.
Sem falar na acentuada queda da
qualidade de ensino.
Isso tudo faz com que os jovens leiam menos, percam a capacidade de falar corretamente.
Inventaram um idioma próprio e pobre.
Parabéns pelo seu artigo e espero que sirva para que se abra os olhos dos que ainda podem tentar reverter este quadro.
Difícil?!... Mas não impossível.
Grande abraço e muita luz.