AGENDA CULTURAL

26.10.13

Zona total - Escada de Madame B


Hélio Consolaro

Num cansaço danado, fui ver "Escada de Madame B", parte da programação do Festival de Teatro de Araçatuba - FESTARA, acompanhado por dois sobrinhos de Presidente Venceslau-SP que não têm o costume de frequentar teatros. Não foi um bom começo, mas levaram tudo no humor, como foi proposto no palco.

O espetáculo foi apresentado no Pub Rock Beer. Um espaço do rock da cidade que às vezes é ocupado pelo mundo alternativo. E lá há uma escada que ilustra bem o título da peça. Era uma zona total apropriado ao horário: 23 horas, exemplar do teatro do absurdo. Nada era proibido no palco, desde os comportamentos mais condenáveis. 

 Gostei muito da atriz que disfarçou bem, como se fosse uma pessoa do público. Ela gritava a sua indignação diante de tal anarquia no palco, dizia que aquilo não era teatro. Pentelhou muito, quase fui lá pedir que se retirasse, mas comedido, eu não quis fazer parte do espetáculo.

No final, a representante do púbico não se aguentou, subiu ao palco. Descobri que fazia parte do elenco. Quase foi esmagada, como os artistas sempre desejam fazer com o público discordante, o professor com o aluno, o médico com o paciente, etc. Ela foi arrastada aos bastidores, escutou-se um tiro. Discordou, morreu. É o teatro discutindo o próprio teatro.

Assisti na quinta-feira (24/10/2013). Na sexta-feira haveria nova apresentação, fiz a maior propaganda entre amigos, principalmente entre as pessoas bem certinhas. Precisamos nos escandalizar, faz bem para a saúde mental. 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba-SP  

Sinopse
O espetáculo retrata a condição de artistas decadentes em um ambiente nada comum e hostil: um cabaré. Tudo foi criado a partir de depoimentos e situações reais, um recorte do cotidiano. Em cena as inquietações de quatorze atores que refletem e questionam o homem contemporâneo, através de diversos números e quadros musicais.Tudo aqui é baseado em fatos, pessoas e situações reais e atuais! Sim, é tudo verdade, é a incrível história dos absurdos do mundo. 

Através dos jogos de clow e improviso, os atores tiveram total liberdade na criação. Um cabaré, um bar para servir o publico, os atores se revezam e estabelecem este clima intimista com a plateia. Quatorze atores e um pianista fazem diversos números e quadros cômicos, se utilizando muitas das vezes da máscara do palhaço e do bufão.


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