Médicos cubanos: a resposta

Hélio Consolaro*

São 22 médicos cubanos designados para o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou no Programa Saúde da Família de Araçatuba. A pergunta que não quer calar: estaria faltando médicos em Araçatuba? – Celia Villela, colunista social e membro da Academia Araçatubense de Letras, em sua coluna de 10/6/2014, no jornal O Liberal

Com certeza, para a Celinha (como é chamada a confreira de Academia Araçatubense de Leras), moradora do Jardim Nova Iorque, um dos bairros mais chiques de Araçatuba, não faltam médicos. Também, como é esposa de um, pois é casada com o Dr. Maurício Villela, não lhe falta médico de jeito nenhum. O atendimento pode ser feito a qualquer momento.

 

Dilma Rousseff

Com certeza, para o bairro rural de Eng.º Taveira, cujos moradores são trabalhadores rurais (boias-frias) faltam médicos, embora lá na UBS comparecia um profissional morador de Araçatuba, que não era cubano, mas que não cumpria sua jornada de trabalho e as consultas eram feitas às pressas como fazem seus colegas brasileiros. Nem olhava para a criança, cidadão ou cidadã, evitando qualquer contato físico e já receitava algum remedinho para se livrar daquele estorvo.

Agora, com os médicos cubanos, os moradores de Eng.º Taveira têm profissional  que atende dignamente a população e cumpre a jornada de 08 horas de trabalho. Ouvimos uma mãe do bairro dizer que nunca vira consulta médica tão bem feita com o médico cubano, pois a sua criança foi “virada pelo avesso”, fazendo nela um exame completo, não se limitou àquilo que era objeto da queixa da mãe.

 

Alexandre Padilha

Pela formação humanista dos médicos cubanos, uma vida de quem mora em lugares chiques vale tanto quanto a vida de quem mora em Eng.º Taveira, um bairro de trabalhadores rurais. Cada cliente que chega não é mais uma chance de faturar, mas é mais uma oportunidade de exercer a solidariedade humana.

Se eu fosse médico, e meus pais tivessem pago tão caro minha faculdade, e tivesse tido a formação mercantilista que predomina nas faculdades brasileiras de medicina, com certeza, eu seria um profissional que valorizaria mais o dinheiro do que a vida humana.

Não só a pessoa do médico brasileiro é culpada por essa situação histórica e cultural. Mas alguém precisava dar um basta nisso, assim a coragem da presidenta Dilma Rousseff, do ministro Alexandre Padilha e do Congresso Nacional contou muito para que o processo da mudança fosse iniciado, implantando o programa “Mais médicos”.

 

Cido Sério

O prefeito Cido Sério (PT), o secretário municipal de Saúde José Carlos Teixeira e a Câmara Municipal de Araçatuba se empenharam para que o programa chegasse a Araçatuba. Claro, menos os vereadores eternamente oposicionistas.

Pelo comportamento dos médicos cubanos, em termos de comparação, podemos avaliar os médicos brasileiros no atendimento básico, na porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Estou começando a desconfiar que nem nos atendimentos dos planos de saúde, nem nos particulares, temos um atendimento de qualidade, por isso a presença dos médicos cubanos entre nós incomoda tanto. Fica exposto um outro modelo. 

 

José Carlos Teixeira

Numericamente, acredito que não faltem tantos médicos em Araçatuba. Há sim a falta de profissionais que sejam comprometidos com o juramento de Hipócrates, com a vida humana, independente de que classe social a pessoa atendida pertença.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP        

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João Cazerta Neto: amigo Hélio, concordo em parte: Conforme o Cremesp nossa cidade tem 2,32 médicos por 1.000 habitantes, Marília tem 3,83; Barretos tem 3,38; Campinas tem 5,11; Rio Preto tem 4,79; Grande SP tem 2,88, portanto além dos problemas citados ainda faltam médicos.