AGENDA CULTURAL

4.10.14

Urna não é caixa eletrônico

Hélio Consolaro*

As pessoas que têm posições definidas, erradas ou certas, diante da vida, até cantam Metamorfose Ambulante com Raul Seixas, não entendem bem as mudanças da multidão da qual pertencem, principalmente em tempo de eleição.

O candidato não pode ser indeciso, uma “Marina vai com as outras”, nem uma errata de si mesma, mas o eleitorado é uma nuvem em formação, até chover no dia da eleição. Ele vai dando a sua opinião conforme anda o discurso.

Há um mar de gente que ora vota em tal candidato, ora vota noutro, até as abóboras se encaixarem direitinho durante a viagem eleitoral, chegando às urnas.

Voto ideológico e voto útil até se entendem, mas há uma Via Láctea difusa viajando no espaço eleitoral facilmente influenciada por uma coisa ou por outra.
Fala-se aqui das eleições majoritárias (presidente, governador, senador e prefeito), porque o candidato das eleições proporcionais (deputados federal, estadual e vereador) fica disputando as migalhas das divisões, tentando cercar seu eleitorado mais difuso ainda.

As eleições proporcionais são tão doidas, que na década de 70, eu vinha votar em Araçatuba, passei bom tempo desses anos de chumbo fora, época da democracia meia-boca, ditadura militar com o bipartidarismo, quando votei num candidato a vereador do MDB pegando um santinho do chão, pois estava por fora das atividades políticas da cidade. 
Há também os votos debochados, como os eleitores de Tiririca. Apesar de o humorista não ser Juruna nem Eneas, ele é bem melhor, até que foi um parlamentar coerente. Vai ser bem votado novamente. Candidato de meu neto de 10 anos.

A fase demagógica de grandes oradores na política já passou, nem o povo suporta mais grandes discursos, hoje o eleitorado parece mais preocupado com propostas. E nessa eleição isso está sendo discutido exaustivamente. Ponto positivo para 2014.

Há o risco de errar em conjunto, mas é melhor do que errar sozinho. Ainda bem que seja assim, pois nisso mora a riqueza da democracia representativa: a escolha num estalo, num momento, num clique, definindo a história.

Neste domingo, 05 de outubro de 2014, o poder será devolvido ao povo e ele definirá quem será seus futuros ocupantes, havendo a possibilidade da reeleição, “Todo o poder emana do povo e em nome dele será exercido” – afirma a Constituição Cidadã de 1988.

Então, caro (e)leitor ou prezada (e)leitora, cumpra a cidadania, só não se compreendem os votos nulos e os brancos. Compreendem-se, sim, são votos de quem foge da briga. Mais um lembrete: urna não é caixa eletrônico de banco.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP


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