Hélio Consolaro*
Dia 31 de julho, sexta-feira, às 18h, o Italianinho vai lançar seu livro de memórias. Assim era conhecido Franco Baruselli. Eu, descendente de italiano, fazendo parte da comunidade dos pés-rachados, achava esquisito ter um italiano intelectual.
Franco Baruselli era, e ainda é, um sujeito bem falante, navega com os mãos em seus discursos. Onde eu ia, lá estava ele falando com sotaque coisas novas. Na Congregação Mariana, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Chego à faculdade, eis lá o Italiano dando aulas. Sujeito porreta.
Foi candidato a prefeito de Araçatuba, deputado estadual por duas vezes, secretário estadual da desburocratização do Governo Montoro, mas não saiu do PMDB. Continua no partido até hoje. Direita, esquerda, na verdade, um militante da democracia cristã.
Até que trepou demais, caiu da escada, passou um susto em todos. Descobriu que estava velho.
Gostando ou não dele, é uma personalidade de Araçatuba que merece homenagens. Estarei lá para pegar o seu livro de memórias, aprenderei muito com sua leitura.
*Hélio Consolaro é professor,jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Dia 31 de julho, sexta-feira, às 18h, o Italianinho vai lançar seu livro de memórias. Assim era conhecido Franco Baruselli. Eu, descendente de italiano, fazendo parte da comunidade dos pés-rachados, achava esquisito ter um italiano intelectual.
Franco Baruselli era, e ainda é, um sujeito bem falante, navega com os mãos em seus discursos. Onde eu ia, lá estava ele falando com sotaque coisas novas. Na Congregação Mariana, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Chego à faculdade, eis lá o Italiano dando aulas. Sujeito porreta.
Foi candidato a prefeito de Araçatuba, deputado estadual por duas vezes, secretário estadual da desburocratização do Governo Montoro, mas não saiu do PMDB. Continua no partido até hoje. Direita, esquerda, na verdade, um militante da democracia cristã.
Até que trepou demais, caiu da escada, passou um susto em todos. Descobriu que estava velho.
Gostando ou não dele, é uma personalidade de Araçatuba que merece homenagens. Estarei lá para pegar o seu livro de memórias, aprenderei muito com sua leitura.
*Hélio Consolaro é professor,jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
O Italianinho
(Crônica de Tito Damazo* publicada no livro "Nos Trilhos do Centenário", em 2008, pela Editora Somos)
Findavam-se os anos cinqüenta, e os sessenta
com seus prenúncios aziagos à vida democrática do País turbilhonavam. Um jovem aventureiro
italiano, do mais alto compartimento de um navio, deslumbrado com a quimérica
visão da baía da Guanabara, via o quanto acertara em trocar o Canadá pelo
Brasil.
Franco
Baruseli saltou em Santos. Italiano atirado, viajou o país principalmente como
caronista dos Correios Aéreos do Brasil. Ancorou-se nos Salesianos de Cuiabá e de
Campo Grande em torno de nove meses. Abrasileirado, firmou-se em Araçatuba.
Constituiu família, educou seus filhos.
Aqui,
os agroindustriais e comerciantes iam estendendo os seus tendões de propriedade
e poder. Grassavam as propriedades rurais e as casas comerciais. Multiplicavam-se
os peões, colonos e empregados do comércio.
Baruseli
ensinava Filosofia e Educação, italiano e francês e cada vez mais aprendendo
português (brasileiro). Assim, esclarecia a população dos seus direitos. Como
educador adepto de Pierre Furter e Paulo Freire, defendia que a promoção a
sujeito se fazia pela comunicação e não pela extensão dos conhecimentos: aquela
abria para a conscientização.
Firmado
nesses propósitos, o Italianinho foi suscitando a formação de sindicato aos
trabalhadores rurais, cooperativas agrícolas, centros culturais. O mérito de
tais realizações, obtendo reconhecimento público e respaldado por setores da
Igreja católica, conquistou recursos de entidades internacionais de amparo a
tipos de promoções humanas semelhantes.
E
lá ia o Italianinho abrindo casas de educação e de treinamento à gente do
povo. Criou o CTA (Centro de Treinamento
Agrícola, o CTP (Centro de Treinamento à Pecuária) pelos quais passaram
centenas de filhos de pequenos sitiantes, aprendendo a cultivar a terra com
amor e técnica, a manejar os instrumentos e implementos agrícolas.
E
veio a criação do histórico Intec (Instituto Noroestino de Educação e Cultura),
síntese daqueles com a criação de áreas do setor cultural: cultivo das artes musical,
teatral, plástica e política. Pelo palco de seu memorável teatro Castro Alves
passaram Marília Pêra, Giafransesco Guarnieri, Toni Ramos, Luiz Vieira,
Gilberto Gil e outros.
Como
todos os homens que se posicionam e agem por causas humanas, Baruseli sofreu
calúnias. Mas a voz do povo de Araçatuba e circunvizinhança aclamou-o deputado
estadual por dois mandatos. Seguramente, num gesto de grande reconhecimento pelos
seus feitos, o histórico e memorável governo Montoro convocou-o a ocupar uma
Secretaria de Estado.
Destarte,
o Italianinho araçatubense galga o panteão da história dos homens de Araçatuba
cujos feitos contribuíram para o engrandecimento de seu povo.
*Tito Damazo é escritor e presidente da Academia Araçatubense de Letras
*Tito Damazo é escritor e presidente da Academia Araçatubense de Letras
Dados biográficos
Nascimento:
06/01/1931, em Cerveno, Norte da Itália. Forma-se em Filosofia em Turim.
Instala-se em Araçatuba em 1960. Leciona Filosofia no UniToledo e na Funepe. Cria o CTA (Centro de Treinamento Agrícola), o
CTI (Centro de Treinamento Industrial) e o CTP (Centro de Treinamento em
Pecuária). Em 1968, criará o INTEC (Instituto Noroestino de Trabalho em Educação
e Cultura). Em julho de 1973, perseguido pelo Governo militar, teve que deixar
o Brasil e voltar para a Itália. Retorna em 1975. Elege-se deputado estadual em
1978. Reelege-se em 1982 e assume uma Secretaria de Estado do Governo Franco
Montoro. Em 1986, compõe o grupo de diretores da CDHU, onde atua até 1995.
2 comentários:
Prezado Helio Consolaro, parabens pelo seu incansavel e valioso trabalho de divulgar fatos importantes sobre ilustres homens publicos de Aracatuba e Regiao Noroeste do Estado,por exemplo,Franco Baruseli.Solicito-lhe a devida licenca para usar o espaco de seu Blog objetivando cumprimentar o genial Franco Baruseli pela publicacao de seu livro de memorias.Quero registrar e testemunhar aqui minha profunda admiracao por seu grande talento,pela sua arguta inteligencia e pela sua extraordinaria competencia seja como gestor publico,filosofo,professor,seja como notavel e serio politico que soube ser.Franco certamente lembra-se de mim.Sou Valdemar Moraes(o valdemarzinho),um ex-seminarista.Convivi com Franco nas decadas de 60 a 80,nos cursos,na Toledo,no sindicato,no seu eficiente e honesto trabalho como Deputado.Muitas vezes visitei-o em sua residencia ali perto da antiga Igreja Matriz N.S.Aparecida,acompanhado de um grande amigo de Marilia, chamado Ivo Marega.Tempos bons e produtivos aqueles.Hoje moro em Brasilia,estou aposentado como professor universitario.Parabens a voce Franco e a voce Consolaro,pois a educacao e o desenvolvimento socio-politico de Aracatuba e Regiao devem muito a voces dois.Abracos.
Eu o conheci na CDHU quando ele ocupava a Diretoria Administrativa.
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