AGENDA CULTURAL

13.2.16

Mitos e verdades sobre Alzeheimer

 

Especialista desvenda as dúvidas sobre a doença

 LAURA LEITE
Revista "+saúde & bem-estar" - Rede FarMais


Em todo o mundo, ao menos 44 milhões de pessoas vivem com Alzeheimer, tornando a doença uma crise global de saúde que deve ser resolvida. Essa moléstia muda a vida da pessoa que porta o problema, de seus familiares e amigos. O Alzheimer destrói as funções do cérebro e não tem cura. É a principal causa de demência entre os idosos no mundo. A origem da doença ainda é desconhecida, mas acredita-se que em 10% dos casos ela é passada de pais para filhos. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o Brasil tenha 1,2 milhões de pessoas com a doença. Aos poucos, o paciente vai perdendo a memória e a noção de tempo e espaço. No estágio mais avançado, perde a capacidade de andar e se alimentar.

Para desvendar os mitos e as verdades sobre essa doença, André Felício, Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Neurologia da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas de São Paulo, responde algumas dúvidas de nossos leitores.

-O Mal de Alzheimer seria uma atrofia ou perda dos neurônios?
AF: As duas coisas. É uma doença neurodegenerativa que leva à morte de neurônios e, como conseqüência, atrofia cerebral.

-Por que é considerado demência?
AF: Cognição é um conjunto de funções cerebrais superiores como memória e linguagem. Demência é um comprometimento significativo da cognição.

-Como é diagnosticado? Quais são os exames e testes? O teste neuropsicológico é o mais eficaz? Ele que dura 5 horas?
AF: O diagnóstico é clínico com o apoio de investigações adicionais como: ressonância magnética do cérebro, exames de sangue, avaliação neuropsicológica, PET cerebral e líquor.
A avaliação neuropsicológica é feita por psicólogo treinado e tem o objetivo de avaliar todas as funções cognitivas.

-A certeza do diagnóstico, no entanto, é feita apenas com a biópsia, quando a pessoa já morreu, é isso mesmo?
AF: Sim, o diagnóstico em vida é apenas uma probabilidade: muito provável e improvável.

-Qual a estimativa de pessoas com Alzheimer no Brasil? Este número tem aumentado?
AF: Cerca de 1.250.000 brasileiros. É a principal doença neurodegenerativa no Brasil e no mundo. Como a população brasileira está envelhecendo, o número de casos é cada vez maior.

-O perfil é de pessoas com mais de 60 anos?
AF: A doença está intimamente relacionada ao envelhecimento, portanto ocorre principalmente em idosos.

-Quem tem atividade intelectual intensa tem mais chances de ter Alzheimer? É como que se os neurônios se cansassem de trabalhar tanto, é isso?
AF: Justamente ao contrário. Quem tem atividade intelectual intensa cria o que chamamos de reserva cognitiva e tem muito mais proteção pela doença.

-É uma doença hereditária?
AF: Não. É esporádica.

-O tratamento no início da doença é realmente mais efetivo? Por quê?
AF: Porque ainda existe reserva cognitiva.

-A pessoa vai perdendo a memória recente ou a antiga primeiro? Quais são as fases da doença?
AF: Primeiro perde a memória recente e somente no final a memória identifica os fatos antigos. Assim, incapacita a lembrar o que se comeu no mesmo dia, mas relata com detalhes um episódio da infância.

-E os remédios, eles evitam a evolução da doença, ajudam a estabilizá-la ou regride? E a eficácia deles é a mesma conforme o passar do tempo ou perdem o poder?
AF: Ajudam a controlar os sintomas. Não param e nem regridem a doença e, com o passar do tempo, funcionam menos.

-Até que ponto a família consegue cuidar ou precisa de cuidadores? O ideal é a pessoa ficar na casa onde viveu ou se mudar para um lugar onde tenha cuidados mais especializados?
AF: Todas as situações são possíveis. Tudo depende das incapacidades do paciente e recursos financeiros.

-Qual a importância da presença da família?
AF: Suporte ao paciente.

-Qual a rotina de um paciente com Alzheimer? A estimulação cognitiva, social e física realmente retarda o processo?
AF: Esta estimulação é fundamental e deve ser seguida pelos familiares.

- Que dicas podemos dar à família para lidar com esta novidade, a mudança de papel de cada um, a perda de autonomia do paciente, a autoestima e frustração dele ao se esquecer de fatos e pessoas?
AF:  -   Procurar grupos de apoio a pacientes com o mesmo problema;
·         Procurar psicoterapias;
·         Procurar um médico. O cuidador, muitas vezes, precisa utilizar alguma medicação;
·         Entender sobre a doença e as ações negativas do paciente, que são involuntárias;
·         Estabelecer uma rotina em casa.



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