AGENDA CULTURAL

11.6.16

Estupro e filmes pornográficos


Hélio Consolaro é pré-candidato a prefeito de Araçatuba-SP*

Pelo menos não li artigos e nem vi reportagens televisivas fazendo a relação entre os filmes pornográficos e os estupros acontecidos em nossa sociedade. 

Quem gosta de ver estupros em filmes, certamente vai querer praticá-los. Então, precisam ser combatidos com fundamentação sólida.

Se você caro leitor, usar o Google como busca e digitar "estupros e filmes pornográficos", vai achar uma imensidade de títulos. 

Transcreverei a frase de divulgação de apenas um de centenas deles, inclusive com o erros de português:
"ASSISTIR VIDEOS PORNO GRATIS DE ESTUPROS, PORNO ESTUPRO, ESTRUPANDO A NOVINHA, VIDEOS DE SEXO DE ESTUPRO COLETIVO".

Se há tantos filmes pornográficos à disposição, porque existem consumidores, homens e mulheres. Há uma cultura do estupro entre os homens, não só brasileiros, que contamina também o mundo feminino, alimentada por filmes pornográficos. 

Não se trata de liberar o lado animal, porque os animais não praticam o estupro, pois, para eles, sexo tem função: a procriação. Os humanos têm o sexo também para a diversão, entretenimento, mas nem por isso precisa ser à força.

O estupro faz parte da cultura da violência, comportamento aprendido, desvio de conduta, resultado de trauma.

Um dos rapazes filmou o estupro do Rio, tão noticiado, ou seja, quis produzir um filme pornográfico para o seu próprio consumo. E não se contentou, pôs as imagens no Facebook. 

A minha geração já consumia produtos pornográficos em sua juventude, os famosos livrinhos em preto e branco, desenhados pelo Zéfiro, mas tais "catecismos" eram ingênuos perto dos filmes pornográficos de hoje. 

Não sou pela proibição, mas pela conscientização, porque se isso acontece é devido a não termos uma educação sexual adequada no lar e nas escolas. E as igrejas, algumas só fazem condenar simplesmente o sexo, outras se omitem.

Não se trata de levar ninguém ao pelourinho, de atirar a primeira pedra, mas de ver o sexo como elemento principal da vida, porque é por ele que existimos. O nosso corpo é templo de Deus, não é a parte do demônio da nossa existência. Mudar o paradigma é um bom começo.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Vereador de 1983-88 e secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP de 2009 a 2016.

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